As previsões a nível mundial indicam que vamos instalar milhares de painéis a curto prazo, e há um problema: a falta de mão de obra. A solução? Um robô com uma tarefa muito simples: instalar painéis de energia solar.
Máximo. Assim se chama esta criação da empresa AES Corporation, uma companhia que há várias décadas impulsiona o desenvolvimento de energias renováveis. Trata-se de um robô extremamente específico, já que sua única tarefa é carregar e instalar painéis fotovoltaicos nos trilhos construídos para eles nos parques solares.
Pode trabalhar sem descanso junto aos operadores que o supervisionam para acelerar os prazos de entrega de energia solar aos clientes e está preparado para funcionar tanto em climas diversos quanto em uma ampla variedade de condições de luminosidade.
Inteligência artificial e automação na energia solar
IA, claro. O cérebro de Máximo é um sistema de inteligência artificial que, junto aos sensores instalados, permite uma grande autonomia. Segundo a AES, as funções impulsionadas pela IA graças ao seu cérebro da Nvidia são:
- Visão artificial: garante a colocação precisa do painel.
- Aprendizado contínuo: adapta-se para alcançar um desempenho ótimo e operar com mais eficiência.
- Reconstrução de imagens: possui um sistema de IA generativa que permite que os sensores “leiam” o terreno mesmo nas condições de luminosidade mais complicadas. Isso inclui tanto condições de pouca luz quanto os reflexos que podem ocorrer devido à luz refletida pelos painéis.
A fundadora do projeto Máximo na AES, Deise Yumi Asami, comentou que “um dos maiores problemas com que tivemos que lidar foi o ofuscamento”. Isso foi observado quando o robô foi transferido de Nova York para Ohio, já que a luz incide em um ângulo diferente, e tiveram que treinar o sistema para evitar esses ofuscamentos.
Já está funcionando. Em seus testes, Máximo já instalou quase 10 MW de energia solar, e a ideia é que instale 100 MW até 2025. Um único robô pode não parecer muito, mas o objetivo é que ele ajude a instalar 5 GW nos próximos três anos. Agora já estamos falando de números maiores, e, após um período de desenvolvimento e testes, neste mês de agosto ele começará a operar no projeto Bellefield.
Trata-se de um campo de 2 GW no condado de Kern, na Califórnia, e representa um dos maiores projetos solares dos Estados Unidos. Este campo tem contrato com a Amazon e, justamente, Máximo já foi testado em outro projeto da Amazon: o Oak Ridge Solar, na Louisiana.
O futuro da mão de obra e os desafios energéticos
Indispensável, segundo a AES. Na AES, eles destacam que “Máximo é o primeiro robô de instalação solar testado no mercado” e chega para resolver o problema da mão de obra na crescente demanda por instalação desses sistemas. Atualmente, segundo as estimativas norte-americanas, estão sendo instalados 15.000 módulos solares por hora, que têm um peso de 225.000 toneladas. O objetivo para 2035 é instalar 50.000 por hora. Ou seja, a adição de energia será triplicada e a força de trabalho terá que ser duplicada.
Mas há um problema: 90% das empresas de energia solar admitiram dificuldades em encontrar uma força de trabalho qualificada. É aí que robôs como Máximo se posicionam como o futuro desse setor. E, se você está se perguntando por que haverá tantos novos parques solares, deve ter em mente que não consumimos apenas os usuários finais, mas também os centros de dados e servidores, especialmente com o aumento da IA, que precisam de uma grande quantidade de eletricidade. Um exemplo é o Google e a Microsoft, que já consomem mais eletricidade do que 100 países diferentes.
Os robôs estão tomando nossos empregos?
E outro problema é a opinião popular e da força de trabalho. Atualmente, são necessários entre 12 e 18 meses para construir um grande parque solar, mas a AES quer que Máximo ajude a reduzir muito essa quantidade de tempo. Existem outros robôs que estão trabalhando nos parques, como o RPD 35 da Built Robotics, que é responsável por cravar estacas sobre as quais os trilhos das placas serão colocados. Essa tarefa geralmente requer seis ou sete funcionários, mas com o RPD 35 e dois trabalhadores, a empresa afirma que a execução é três vezes mais rápida.
Voltando ao Máximo, veremos em que medida ele acelera a construção, mas sabendo que ele pode trabalhar 24 horas sem descansar e levantar painéis de 40 quilos sem problema, a pergunta é se essa automação destruirá empregos. No New York Times, Katie Harris, vice-presidente de uma associação de sindicatos e grupos ambientalistas, afirma que “sempre que surge a automação, há um conflito. Pode ajudar as pessoas a serem mais produtivas, mas também queremos criar empregos sindicalizados bem remunerados. A automação nem sempre é uma aliada nesse aspecto.”