Após seis décadas de serviço e mais de 400 acidentes, a Índia finalmente decide aposentar o MiG-21, um dos caças mais emblemáticos da Guerra Fria. A Força Aérea Indiana, que ainda mantém alguns desses aviões em operação, planeja desativar os últimos exemplares em 2025, encerrando um capítulo turbulento de sua história.
O MiG-21 é uma das aeronaves militares mais produzidas da história, com mais de 11.000 unidades fabricadas entre 1959 e 1985. Introduzido pela primeira vez na Força Aérea Soviética em 1959, seu primeiro voo ocorreu em 1955. Produzido por 26 anos, ele permaneceu relevante mesmo após o fim da produção, com a versão chinesa Chengdu J-7 sendo fabricada até 2013. Países como a Coreia do Norte ainda operam tanto o MiG-21 quanto sua versão chinesa.
MiG-21: o fim de uma relíquia ultrapassada
Na Índia, o MiG-21 entrou em serviço em 1963 e tornou-se um caça respeitável, formando a espinha dorsal da frota aérea do país desde os anos 1970 até meados dos anos 2000. Notavelmente, durante a Guerra Indo-Paquistanesa de 1971, o MiG-21 desempenhou um papel crucial nos bombardeios precisos e nos combates aéreos, contribuindo significativamente para a vitória indiana. Contudo, hoje ele é visto como uma relíquia, ultrapassado e retirado de serviço na maioria das forças aéreas ao redor do mundo.
Desafios implicam insuficiência em número de efetivo
Um dos grandes desafios da Força Aérea Indiana é a insuficiência de efetivos. Com uma força autorizada de 42 esquadrões de caça, atualmente possui cerca de 31, dos quais muitos ainda operam o MiG-21. A frota indiana é composta por uma mistura eclética de aeronaves, incluindo modelos modernos como o Su-30MKI e o Dassault Rafale, ao lado de aeronaves mais antigas como o MiG-21 e o BAE Hawk. Esta disparidade tecnológica complica a tarefa de modernizar a frota e atingir os 42 esquadrões necessários.
Hoje, a Índia ainda possui cerca de 40 MiG-21 modernizados para equiparar-se aos caças de terceira geração. Apesar de seus esforços, substituir essas aeronaves antigas tem sido um desafio, exacerbado pela necessidade de manter uma força aérea robusta para defender seus céus.
Reputação manchada da Força Aérea indiana
A permanência do MiG-21 em serviço na Índia está manchada por sua reputação de insegurança. Ganhou apelidos como “caixão voador” e “criador de viúvas” devido ao alto número de acidentes fatais. Em 60 anos de serviço, mais de 200 pilotos e pelo menos 60 civis morreram em mais de 400 acidentes envolvendo o MiG-21. Mesmo pilotos experientes não foram poupados, com mais da metade das 840 aeronaves construídas na Índia entre 1966 e 1984 sendo perdidas em acidentes.
Os acidentes continuam a ocorrer, com dois pilotos mortos em julho de 2022 e outro acidente fatal envolvendo civis em maio de 2023. Desde 2010, mais de 20 MiG-21 caíram. Atualmente, cada esquadrão opera cerca de 20 MiG-21, mas espera-se que os últimos dois esquadrões restantes sejam aposentados até 2025, devido ao crescente número de acidentes e mortes.
Esta aposentadoria marcará o fim de uma era turbulenta para o MiG-21 na Índia, cerca de 40 anos após sua retirada da Força Aérea Soviética. Hoje, esses aviões são usados principalmente para treinamento e interceptação, com um papel limitado em combate.
O futuro da Força Aérea indiana sem o MiG-21
A Índia tem se esforçado para desenvolver sua própria aeronave, mas o programa Tejas tem enfrentado vários atrasos. Isso forçou o país a continuar utilizando sua frota envelhecida, incluindo os MiG-21. Mesmo após a aposentadoria dos MiG-21 indianos, essas aeronaves continuarão em serviço em outras forças aéreas, com centenas de Chengdu J-7 ainda operacionais na China.
Na Força Aérea Chinesa, a disparidade entre aeronaves antigas e modernas é ainda mais acentuada, com os J-7 servindo ao lado dos caças furtivos de quinta geração Chengdu J-20 e Shenyang FC-31. Essa realidade destaca os desafios contínuos enfrentados pela Índia na modernização de sua frota aérea enquanto busca fortalecer sua defesa aérea.