Ivan Pavlovich Sereda, um simples cozinheiro soviético, transformou-se em um herói improvável durante a Segunda Guerra Mundial. O cozinheiro demonstrou coragem e criatividade em circunstâncias sobretudo inesperadas.
Nascido em julho de 1919 em Oleksandrivka, na Ucrânia, Sereda cresceu em uma família de camponeses pobres. Posteriormente, mudou-se para Galitsynovka em busca de melhores oportunidades. Após deixar a faculdade para seguir uma carreira nas artes culinárias, Sereda foi incorporado ao Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial. Com o início da Operação Barbarossa em junho de 1941, Ivan foi designado para a frente de batalha, não como soldado, mas para manter as tropas alimentadas com suas habilidades culinárias.
Um tanque alemão X um cozinheiro corajoso
Durante o verão de 1941, a unidade de Sereda, na época estacionada em uma floresta da Letônia, foi enviada para realizar manobras. O cozinheiro foi o único a ficar para trás, encarregado de preparar a comida para o retorno dos soldados. De repente, Sereda ouviu vários tanques chegando. Seu primeiro instinto foi acenar, mas logo percebeu que não eram veículos soviéticos – eram nada menos do que tanques Panzerkampfwagen 38(t) alemães.
Sereda correu para trás de uma tenda para ganhar cobertura, enquanto dois dos tanques Panzer passavam pelo acampamento. O terceiro, no entanto, parou. Seu comandante pulou para fora do tanque para inspecionar o acampamento soviético. Respirando fundo, Sereda percebeu que teria que fazer alguma coisa – e logo. Seu rifle, um Mosin-Nagant, estava fora de alcance, então ele teve uma ideia inusitada: pegar um machado.
Sereda, então, saiu de seu esconderijo e correu em direção ao comandante, gritando palavras desconexas. Chocado, o alemão correu rapidamente do homem que empunhava o machado, de volta para o Panzer. O comandante ordenou então que a metralhadora abrisse fogo.
O cozinheiro estava, contudo, fora do alcance da arma. Sereda então encontrou uma lona, que jogou sobre a torre do tanque. Depois de usar um pedaço de pano para cobrir a porta de visão do copiloto e seu avental de chef para bloquear a porta de visão do motorista, o cozinheiro começou a golpear a metralhadora com seu machado. Ao mesmo tempo, gritava para que seus companheiros próximos fornecessem granadas anti-tanque.
Claro que não havia ninguém lá para ouvi-lo, mas os alemães não sabiam disso.
Um exemplo de heroismo
Os alemães não paravam de disparar sua metralhadora enquanto Sereda atacava. Como resultado, a arma superaqueceu. Por isso, acabou entortando, ficando totalmente inoperante. Naquele momento, surpreendentemente, Sereda havia eliminado um temido tanque Panzer alemão com nada além de um machado, um pouco de fúria e sobretudo muita coragem.
Neste ponto, o cozinheiro alcançou sua arma. Quando os alemães abriram a escotilha do tanque para se render, no entanto, esperavam encontrar vários soldados furiosos. Contudo, encontraram Sereda com sua arma apontada diretamente para suas cabeças. O cozinheiro então forçou os inimigos a amarrar-se uns aos outros, que se tornaram seus prisioneiros.
Os soldados do acampamento base retornaram para descobrir o feito de Sereda. Isso o levou a se tornar uma lenda dentro de seu próprio país. De acordo com seu comandante, General Dmitry Lelyushenko, “com suas ações corajosas, ele deu um exemplo notável de heroísmo.”
Reconhecimento e carreira militar
O feito de Sereda impressionou seus superiores. Posteriormente, suas ações o elevaram a uma posição de destaque dentro do Exército Vermelho. Sereda foi promovido a batedor e continuou a se destacar em combate, incluindo uma ação onde lançou uma granada em um tanque alemão, eliminando matou vários inimigos.
Em 31 de agosto de 1941, Sereda foi condecorado como Herói da União Soviética. Além disso, recebeu a Ordem de Lenin por seus atos heroicos. Ele continuou a servir como tenente sênior e comandante de pelotão em batalhas importantes, como a Batalha de Moscou e o Cerco de Leningrado.
No entanto, apesar de seu heroísmo e contribuições significativas durante a guerra, os ferimentos que sofreu durante a guerra levaram ao seu falecimento em 1950, com apenas 31 anos. Contudo, Ivan Pavlovich Sereda permanece um símbolo de coragem e determinação, mostrando que até mesmo aqueles em posições inesperadas podem se destacar em momentos de crise.