Após um período de abandono da energia nuclear e aposta em alternativas “sustentáveis” como, por exemplo, a energia eólica, a energia hídrica e a energia solar, o mundo vive uma nova corrida nuclear. Países de todo o planeta estão investindo pesado na construção de novas usinas nucleares como estratégia para descarbonizar suas economias e conter as mudanças climáticas. Enquanto isso, o Brasil, mesmo sendo um dos países com as maiores reservas de urânio do mundo, segue em ritmo lento e corre o risco de ficar para trás. É o que alerta o jornal Correio Braziliense, que iniciou no domingo (25) uma série sobre a retomada da energia nuclear.
China lidera a nova corrida nuclear
O destaque na corrida nuclear é a China, que se posiciona como líder global na utilização da tecnologia nuclear. Atualmente, o gigante asiático tem 30 novas usinas nucleares em construção e mais 41 planejadas, além de contar com 56 reatores já em operação. Esse avanço coloca a China em posição de liderança no setor, seguida de perto pela França, que possui o mesmo número de reatores em funcionamento. Ambos os países estão atrás apenas dos Estados Unidos, que lidera com 99 reatores em operação.
Outros países também avançam rapidamente. A Índia está construindo sete novos reatores e tem outros 12 planejados. A Rússia, por sua vez, tem quatro usinas nucleares em obras e 14 em fase de planejamento. Esses números mostram um cenário global onde a energia nuclear volta a ser protagonista, movida pela necessidade de encontrar soluções eficazes para a crise climática.
Brasil avança lentamente na energia nuclear
Enquanto grandes potências aceleram seus investimentos, o Brasil ainda avança lentamente. O país possui apenas duas usinas nucleares em operação, Angra 1 e 2, que juntas geram cerca de 1,9 gigawatts. Essa produção representa menos de 2% da matriz energética nacional, um número modesto comparado ao potencial do país.
Apesar de deter uma das maiores reservas de urânio do mundo, o Brasil não conseguiu desenvolver uma indústria nuclear robusta e estável. A falta de investimentos contínuos e a ausência de novas usinas colocam o país em uma posição desfavorável em relação ao cenário global. Mesmo dominando toda a cadeia tecnológica, desde a extração do urânio até o enriquecimento do combustível, o Brasil não atingiu a escala necessária para se tornar um grande produtor e exportador de energia nuclear.
Desafios e oportunidades para o Brasil
A situação brasileira reflete décadas de incertezas e investimentos irregulares. O programa nuclear brasileiro, iniciado durante os governos militares, tem sido marcado por altos e baixos, sem a consistência necessária para garantir o desenvolvimento sustentável da tecnologia nuclear no país. Em outras palavras, sem recurso, ainda mais agora com os cortes na Defesa promovido pelo governo Lula.
Especialistas acreditam que o Brasil tem potencial para se tornar um dos maiores fornecedores mundiais de urânio, mas isso exige estudos mais aprofundados e atualizados. Com investimentos estratégicos, o país poderia transformar suas reservas de urânio em uma grande vantagem econômica, exportando combustível nuclear e agregando valor ao produto, em vez de apenas exportar o mineral bruto.
O futuro da energia nuclear no Brasil
O Brasil enfrenta o desafio de recuperar o tempo perdido e se posicionar de maneira competitiva na nova corrida nuclear global. Com um potencial vasto, tanto em termos de recursos naturais quanto de conhecimento técnico, o país pode, com as políticas corretas, transformar seu setor nuclear em uma peça-chave para o futuro da energia limpa e sustentável, já chamada por especialistas de um novo pré-sal nuclear. Porém, para isso, é essencial que o país adote uma estratégia clara e consistente, superando as incertezas que marcaram as últimas décadas, que é a aposta do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira.