A Marinha dos Estados Unidos pode estar apostando no cavalo errado ao continuar priorizando porta-aviões como a principal ferramenta de projeção de poder no mar. Segundo especialistas, a evolução tecnológica e as mudanças nas táticas de guerra indicam que submarinos, e não porta-aviões, serão o futuro do poder naval.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, os porta-aviões têm sido vistos como as principais plataformas de ataque e defesa das marinhas ao redor do mundo. Contudo, o desenvolvimento de submarinos com propulsão independente do ar (Air-Independent-Propulsion) e o avanço em mísseis antiporta-aviões colocam em xeque essa supremacia. Os submarinos, especialmente os movidos a energia nuclear, oferecem uma capacidade furtiva que os torna extremamente difíceis de detectar e neutralizar, representando uma ameaça direta aos porta-aviões.
Roger Thompson, especialista em forças armadas e sociedade, reforça essa visão ao destacar o histórico de exercícios navais onde submarinos de várias nações, incluindo os mais antigos movidos a diesel, conseguiram “afundar” superporta-aviões americanos em simulações. Segundo ele, a Marinha dos EUA tem ignorado evidências claras de que seus superporta-aviões poderiam ser alvos fáceis para submarinos inimigos, uma falha que pode ter consequências desastrosas em um conflito real.
A comparação com a decisão do Canadá, em 1970, de aposentar o seu último porta-aviões, o HMCS Bonaventure, é inevitável. Na época, muitos criticaram a decisão, mas, com o tempo, ficou claro que os porta-aviões eram vulneráveis à crescente ameaça submarina. A aposentadoria do Bonaventure foi um movimento acertado, considerando que, em um cenário de guerra contra a União Soviética, o navio teria uma curta vida útil antes de ser afundado por submarinos inimigos.
O renomado historiador militar britânico Sir John Keegan, já em 1988, previu que a era dos submarinos como a principal arma de poder no mar estava apenas começando. Ele afirmou que esses “navios capitais” eram capazes de destruir qualquer frota de superfície que entrasse em sua zona de operações, destacando a importância estratégica dos submarinos na dissuasão nuclear.
Os recentes avanços na tecnologia de submarinos, combinados com o desenvolvimento de mísseis antiporta-aviões, reforçam a necessidade de uma reavaliação urgente por parte da Marinha dos EUA. Continuar a investir em porta-aviões cada vez mais caros e potencialmente vulneráveis pode não ser a melhor estratégia frente às novas realidades da guerra naval moderna.
O debate sobre a relevância dos porta-aviões é acirrado, mas a crescente evidência de que submarinos podem desempenhar um papel decisivo nas guerras do futuro não pode ser ignorada. Thompson e outros especialistas acreditam que a Marinha dos EUA precisa se adaptar rapidamente para evitar surpresas desagradáveis em futuros confrontos com potências como China e Rússia.
A adaptação às novas realidades não será fácil nem barata. O legado dos porta-aviões é forte, e a transição para uma força naval centrada em submarinos pode encontrar resistência tanto dentro das forças armadas quanto na indústria de defesa. No entanto, ignorar as tendências emergentes pode levar a uma derrota catastrófica em um conflito futuro.
Em resumo, enquanto os porta-aviões ainda desempenham um papel importante na estratégia naval americana, a Marinha dos EUA precisa considerar seriamente o potencial dos submarinos como a verdadeira espinha dorsal de seu poder no mar. A história e as tendências atuais sugerem que o futuro das guerras navais pode estar, literalmente, submerso.
Com informações de: The National Interest