A Força Aérea dos EUA recentemente identificou uma nova e significativa deficiência no avião-tanque KC-46, fabricado pela Boeing. Essa descoberta agrava ainda mais a situação já complexa e problemática deste reabastecedor aéreo. O problema, conhecido como “deficiência da linha de ar de sangria”, é causado pelas vibrações intensas geradas por uma bomba de combustível, que acabam danificando as linhas de ar de sangria essenciais para o funcionamento do avião. Essas linhas utilizam ar comprimido extraído de um motor ou de uma unidade de potência auxiliar (APU) para diversas funções vitais, como a pressurização da cabine e o resfriamento de vários subsistemas.
Segundo Kevin Stamey, diretor executivo do programa de aeronaves de mobilidade da USAF, a Boeing tem trabalhado rapidamente para reparar os danos nas aeronaves afetadas. Inicialmente, testes de voo indicaram que uma técnica de mitigação, que envolve o acionamento intermitente da bomba de combustível para reduzir as vibrações, pode ser uma solução temporária eficaz até que uma correção permanente seja implementada.
Ações da Boeing e implicações de segurança
Um porta-voz da Boeing afirmou que uma solução de longo prazo está sendo desenvolvida e um plano de mitigação de curto prazo está em revisão pela Força Aérea dos EUA para reduzir o impacto na frota. É importante notar que o novo problema não representa um risco imediato à segurança. Deficiências de categoria 1 são definidas pela Força Aérea como problemas que podem causar a perda de uma aeronave, ferimentos ou morte. Atualmente, o KC-46 está sujeito a um total de sete deficiências de categoria 1.
Abordagem e progresso nas soluções dos problemas identificados
A Força Aérea e a Boeing estão implementando várias soluções para os problemas identificados. Por exemplo, novos acoplamentos flexíveis estão sendo instalados para resolver um problema no coletor de combustível da aeronave. Além disso, novos projetos foram colocados em serviço para resolver rachaduras nos mastros de drenagem da APU da aeronave, com soluções de curto prazo já em andamento. Outro projeto concluído recentemente visa evitar rachaduras na linha de drenagem do receptáculo de reabastecimento do avião.
Duas das três outras deficiências estão relacionadas à reformulação do sistema de visão remota do avião, que deve estar pronto na primavera de 2026. A terceira deficiência envolve a reformulação do atuador da lança da aeronave, permitindo o reabastecimento do A-10 Warthog, com conformidade da FAA e testes de laboratório iniciados em maio. A correção completa está prevista para o ano fiscal de 2026.
Impacto financeiro e futuro do programa KC-46 da Boeing
Até o momento, a Boeing acumulou perdas de mais de US$ 7 bilhões no programa KC-46 devido à sua estrutura de desenvolvimento de preços fixos. Esses problemas atrasaram a decisão de produção em plena capacidade, e ainda não há uma data específica para alcançar esse marco. Inicialmente visto como a solução para substituir a frota de reabastecimento KC-135 da Força Aérea, o programa KC-46 da Boeing agora enfrenta incertezas devido a restrições orçamentárias.
Stamey destacou que o atual contrato com a Boeing prevê a construção de 183 aeronaves, com opções para mais cinco. No entanto, nenhuma decisão final foi tomada em relação à recapitalização da frota. A análise de alternativas para a futura frota de reabastecimento, denominada Sistema de Reabastecimento Aéreo de Nova Geração (NGAS), será concluída em outubro. A Força Aérea dos EUA e a Boeing estão empenhadas em resolver as deficiências do KC-46, buscando garantir a segurança e a eficiência da frota de reabastecimento aéreo.