Embora o apelido usado pela médica Maya Pinheiro faça alusão a uma figura militar, é muito importante ressaltar que a profissional de saúde e política não possui carreira nas Forças Armadas, sendo sua atuação marcada principalmente no campo da saúde e da política.
O uso de designações hierárquicas nas eleições
Nas eleições disputadas pela Médica os prenomes militares, como capitão, general, major etc., foram bastante importantes para potencializar os votos de eleitores conservadores. O uso do termo capitã pode ser que tenha passado desapercebido pela justiça eleitoral, na medida em que o uso de termos militares por quem não é militar foi vedado em outros estados, como no Rio de Janeiro ocorreu com o candidato Cabo Correa Mourão, que teve a candidatura cassada em 2022, mesmo ano em que a “Capitã” Cloroquina concorreu.
Filiada ao Partido Liberal (PL), a médica – que possui mais de 300 mil seguidores em suas redes sociais e já foi entrevistada por jornalistas renomados, como Augusto Nunes– ganhou notoriedade durante a pandemia de COVID-19, quando defendeu o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento precoce da doença, apesar da polêmica em torno da ausência de comprovação científica robusta sobre a eficácia desses medicamentos para esse fim. Na época, ocupava o cargo de secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, no Ministério da Saúde, sob a gestão do então ministro Eduardo Pazuello, general do Exército Brasileiro.
Nas eleições de 2022, Mayra Pinheiro recebeu cerca de 71 mil votos, número realmente bastante expressivo, mas insuficiente para conquistar uma cadeira na Câmara dos Deputados de forma imediata. Entretanto, sua posição como suplente do deputado André Fernandes lhe permitiu assumir o mandato temporariamente, colocando-a de volta ao cenário político nacional. Se o parlamentar for bem sucedido ela deve ser efetivada no cargo.
Polêmicas e defensora do tratamento precoce
A médica cearense se destacou em um dos momentos mais críticos da história recente do Brasil, defendendo com veemência o que ficou conhecido como “tratamento precoce” contra a COVID-19. Em seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, realizado em 2021, Pinheiro reafirmou sua posição sobre o uso de medicamentos como cloroquina e hidroxicloroquina, mesmo diante das críticas e das controvérsias que envolvem o tema.
O apelido “Capitã Cloroquina” foi cunhado durante esse período e, embora seja uma referência à sua postura combativa na defesa de determinados tratamentos, não possui relação com uma formação militar. No entanto, sua proximidade com autoridades militares do governo à época, como o general Pazuello, reforçou a associação.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar