O Exército brasileiro possui atualmente 149 oficiais da ativa nos últimos postos da carreira regular, que são General de Exército, General de Divisão e General de Brigada. Estes militares correspondem a exatamente 0.07% do efetivo atualmente na ativa, que é de 212 mil militares.
Segundo dados da transparência do governo federal, o salário desses oficiais está entre 30 e 35 mil reais, com alguma variação no que diz respeito ao número de dependentes, local onde servem e cursos realizados durante a carreira de cada um deles.
Segundo dados recentes do IBGE (2023), a fatia de 1% dos brasileiros mais abastados, que recebem os maiores salários, tem a sua disposição remunerações iguais ou acima de 22.6 mil reais. Os salários dos oficiais generais no último posto hoje são – pelo que se colocou acima – bastante superiores. Com o reajuste estimado em 9% os oficiais no último posto devem subir de poder aquisitivo, indo para a casa dos 39.000 reais, permanecendo – portanto – entre a alite brasileira que compõe os 1% mais ricos.
Residências funcionais e espadas de graça
Levando-se em consideração que praticamente todos os oficiais nos últimos postos possuem residências funcionais a sua disposição mediante o pagamento de taxas simbólicas, carros oficiais a disposição e até ajudas de custo para a compra dos uniformes que utilizam, tudo isso somado aos salários acima descritos, que devem subir para quase 40 mil reais mensais, é possível facilmente inferir que não houve sanções financeiras que atingiram diretamente os generais, e que a situação salarial da cúpula das Forças Armadas não se alterou por conta da movimentação política dos militares de alta patente no governo passado.
Algumas regalias hoje são consideradas um absurdo, como a doação de caríssimas espadas quando esses militares recebem promoções.Cada espada, segundo artigo publicado na Revista Sociedade Militar, custa cerca de 9 mil reais.
O possível corte nas pensões para as filhas é visto por alguns como uma tentativa de resposta política do governo para aqueles apoiadores que exigem que os militares sejam sancionados por ter atuado tão intensamente no governo anterior e que insistem em dizer que houve reajuste para toda a tropa a partir de 2020.
A restituição dos valores das pensões
O fim das pensões das filhas de militares que descontam mensalmente 1.5% sobre os soldos – caso efetivado – deve alcançar uma parcela mínima dos militares ainda na ativa, já que o benefício foi extinto ainda no século passado e só alguns poucos já no final da carreira permanecem descontando. Se o benefício for cortado o governo terá que restituir o valor descontado pelos militares.
Militar ouvido pela revista diz que o numerário que o governo terá que devolver é muito grande, o que deve desestimular a aplicação da idéia. Por exemplo, um subtenente do Exército que ainda desconta 1.5% do soldo, só nos últimos 25 anos depositou cerca de R$ 18 mil nos cofres do governo, com a correção esse valor deve chegar a mais de 25 mil reais. Caso aplicada a medida, a quantia total que deveria retornar para os bolsos dos militares que optaram por permanecer com o desconto seria milionária.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar