O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, continua aumentando as ameaças sobre a estabilidade do continente americano. Apesar de ter suspendido o cerco de forças venezuelanas à embaixada da Argentina em Caracas no último dia 8 de setembro, após fuga do opositor Edmundo González, a autorização para o Brasil continuar protegendo o local foi revogada.
O país assumiu esse papel de proteger a embaixada da Argentina quando os diplomatas foram expulsos do país após a eleição de 28 de julho. Interlocutores da política externa veem o gesto como uma provocação de Maduro a Lula, que, assim como outros países do continente, não reconheceu a vitória do venezuelano nas eleições.
Apesar dos esforços do Brasil de mediar a crise e buscar uma saída, também haveria um sinal claro de ruptura entre Lula e Maduro, o que aumenta a tensão entre os 2 países.
Enquanto isso, apesar de o ministro da Defesa José Múcio Monteiro admitir que não acredita em escalada da tensão entre Brasil e Venezuela, o Exército seguiu firme com seu teste do míssil anticarro adquirido de Israel. Os 100 Spikes e 10 lançadores foram adquiridos em dezembro de 2022. Além disso, o Exército Brasileiro já fechou a compra de outros 150 mísseis MSS 1.2 AC fabricados pela SIATT.
Até amanhã, 13 de setembro, os instrutores da fabricante do Spike estão no Centro de Instrução de Blindados, em Santa Maria (RS), para treinar os militares brasileiros sobre técnica de operação e manutenção do míssil, inclusive com exercícios de tiro real. Os testes começaram 2 dias antes de Maduro mandar cercar a embaixada argentina protegida pelo Brasil. As informações são de Marcelo Godoy, colunista de Política do Estadão.
O Spike LR2 é capaz de destruir veículos blindados, fortificações e helicópteros a até 5,5 km de distância. Durante essa trajetória, o alvo pode ser trocado em razão do sistema “dispare, observe e atualize”.
A previsão da Força Terrestre é que o Spike já possa ser usado em qualquer parte do território nacional no começo de novembro, seja em combates diurnos ou noturnos e a partir de uma guarnição desembarcada ou de blindados e aeronaves.
Silenciosamente, entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, o Brasil mandou para Roraima 32 viaturas blindadas leves multitarefa Guaicurus, 22 viaturas não blindadas, 6 blindados Cascavel e dezenas de mísseis antiaéreos (RBS 70), de superfície e anticarros (MSS 1.2 AC), além de munições de armamento pesado e leve e metralhadoras (MK3, calibre .50 M2 HB e 7,62 mm).
Tudo em razão do aumento de tropas e equipamentos da Venezuela na fronteira com a Guiana em razão da reivindicação de Maduro da área de Essequibo, rica em petróleo. Para chegar a Essequibo por terra, a Venezuela precisaria passar por Roraima, algo que o Brasil já disse que não permitirá em hipótese alguma. O Brasil também formou recentemente o 18º Regimento de Cavalaria Mecanizado na 1ª Brigada de Infantaria de Selva em Boa Vista (RR).