Amado por uns, odiado por outros, o horário de verão sempre foi polêmico. E mesmo tendo sido banido da vida dos brasileiros, ele está novamente tomando conta das rodas de conversa. O motivo para isso são os estudos que o governo federal está realizando para definir se vale mesmo a pena adiantar os relógios em uma hora.
Para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nessa quinta-feira, 12 de setembro, que o retorno do horário de verão é uma possibilidade real. “O horário de verão é uma possibilidade real, mas não é um fato porque tem implicações, não só energética, mas implicações econômicas. É importante para diminuir o despacho de térmicas nos horários de ponta, mas é uma das medidas, porque ela impacta muito a vida das pessoas”, considerou.
O ministro ressalta também que a decisão de adiantar o relógio deve ser avaliada de modo amplo. “[A medida] Não deve ser tomada de forma açodada. Se necessário, não tenham dúvida, que nós voltaremos com o horário”.
Seca, alta demanda e impulso para economia
O ministro ainda salientou três dos que podem ser os principais motivos para o retorno do horário de verão: a seca que atinge todo o país, a alta demanda por energia elétrica e um impulso na área econômica, especialmente no setor de turismo que, por sinal, tem alta no verão.
“O Brasil nunca tinha consumido, antes de setembro deste ano, 105 gigawatts [GW] em uma tarde. A média é 85 GW, o que demonstra que nós tivemos todos os ar condicionados do Brasil ligados e que a necessidade de energia, cada vez, mais oscila no Brasil”, disse o ministro.
Para avaliar todas essas questões já foi solicitado ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) e à Secretaria Nacional de Energia Elétrica (MME) junto ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) um plano de contingência para o verão de 2024/2025, assim como o planejamento energético do próximo ano.
Com base nesse estudo, o governo poderá definir se o horário de verão estará presente na vida dos brasileiros outra vez.
Herança da Era Vargas
O horário de verão era uma medida adotada pelo governo federal para garantir um melhor aproveitamento da luz natural e, consequentemente, reduzir o uso e a necessidade de energia elétrica. Com isso, diversos setores da sociedade se beneficiam, principalmente, bares, restaurantes e áreas ligadas ao lazer, uma vez que as pessoas ficavam mais tempo nas ruas.
Aplicado nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal, o horário de verão deixava de fora apenas os estados do norte e nordeste.
O adiamento dos relógios aconteceu pela primeira vez em 1932 no governo do presidente Getúlio Vargas. Depois, somente em 1985 que o horário de verão passou a ser contínuo, permanecendo por todos os anos até 2019, quando o então governo de Jair Bolsonaro decidiu revogá-lo por acreditar que a medida não era tão eficaz na economia de energia.