Segundo informações do Times Now, o comandante da Força Aérea Brasileira, tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, reuniu-se com autoridades de defesa indianas, incluindo o marechal-chefe do Ar V.R. Chaudhari e o chefe do Estado-Maior do Exército, general Upendra Dwivedi.
As discussões abordaram vários temas, incluindo a possível aquisição do caça leve indiano Tejas, o avião de transporte médio brasileiro Embraer C-390 Millennium, além de oportunidades de colaboração em helicópteros, aeronaves não tripuladas e satélites espaciais.
Durante essas conversas, o tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz confirmou que o Brasil está considerando o caça Tejas como uma opção para substituir sua envelhecida frota Northrop F-5, que deverá ser retirada após 2030.
Atualmente, a Força Aérea Brasileira opera os caças F-5 e Gripen-E. Kanitz mencionou que, de acordo com as regulamentações brasileiras, a Força Aérea pretende manter uma frota de no mínimo dois e no máximo três tipos de aviões de combate. Com a retirada do F-5, o Tejas poderia se tornar o segundo ou terceiro tipo de avião junto ao Gripen-E. “Precisaremos de talvez dois tipos a mais quando o F-5 for desativado”, declarou. “Assim, enquanto o Gripen permanecer, o Tejas é uma das opções para ser nosso segundo ou terceiro caça.”
Características do caça Tejas da Força Aérea Indiana
O Tejas, que faz parte do programa Light Combat Aircraft (LCA) da Índia, foi iniciado no início da década de 1980 para desenvolver um novo caça que substituísse a antiga frota de MiG-21 da Força Aérea Indiana. O projeto começou oficialmente em 1984, quando o governo indiano criou a Agência de Desenvolvimento Aeronáutico (ADA), subordinada à Organização de Pesquisa e Desenvolvimento da Defesa (DRDO), para gerenciar o desenvolvimento, com a Hindustan Aeronautics Limited (HAL) como contratante principal.
O programa enfrentou múltiplos desafios tecnológicos, como o desenvolvimento de um sistema de controle de voo digital fly-by-wire e de um radar multimodo autóctone. O primeiro voo do Tejas ocorreu em 2001 e entrou em serviço operacional em 2016, após vários anos de desenvolvimento e testes.
O Tejas possui várias variantes, cada uma com capacidades distintas. O Tejas Mk1, modelo de produção inicial, conta com um motor GE F404-IN20, um radar de varredura mecânica e um conjunto básico de guerra eletrônica (EW). O Tejas Mk1A, versão aprimorada, inclui um radar de varredura eletrônica ativa (AESA), um conjunto avançado de EW e outras melhorias, como um bloqueador de autoproteção e um sistema de geração de oxigênio a bordo (OBOGS).
Espera-se que o Tejas Mk2, cuja produção está prevista para o futuro, possua um motor GE F414-INS6 mais potente, uma fuselagem maior e aviônicos aprimorados, o que permitirá carregar armamentos mais avançados e alcançar melhores desempenhos.
Além disso, existe uma versão naval do Tejas, projetada para operações a partir de porta-aviões, equipada com uma estrutura reforçada e características especializadas, como ganchos de detenção e controladores de vórtice de borda de ataque (LEVCON).
O Tejas é um caça polivalente monomotor com design de asa delta, propulsionado pelo motor GE F404-GE-IN20 em sua variante Mk1, e tem uma velocidade máxima de Mach 1,8 no Mk1A. A aeronave possui nove pontos de fixação externos para transportar diversos armamentos e equipamentos, como mísseis ar-ar (Astra, ASRAAM), mísseis ar-superfície (BrahMos, Kristal) e diversas bombas, incluindo munições guiadas a laser.
O Tejas Mk1A está equipado com o radar multimodo Elta EL/M-2032, que contribui para suas capacidades em diferentes cenários de combate, como defesa aérea, interceptação, ataque ao solo e operações antinavio.
Interesses do Brasil em helicópteros e aviões de transporte
As conversas também focaram no interesse do Brasil em helicópteros, já que a Força Aérea Brasileira pretende adicionar até 24 novos helicópteros à sua frota atual, composta por sete esquadrões, cada um com 12 helicópteros. Os novos helicópteros têm como objetivo melhorar as capacidades operacionais, inclusive na região amazônica e para missões de socorro em enchentes. Entre as opções consideradas estão os helicópteros indianos Dhruv e Prachand, fabricados pela HAL.
Além do interesse pelo caça Tejas e pelos helicópteros, a parte brasileira apresentou o avião de transporte médio Embraer C-390 Millennium como possível alternativa ao C-130 americano. Kanitz ressaltou que o C-390 está em serviço há cinco anos e acumulou 15.000 horas de voo, com uma taxa de manutenção superior a 97%.
Segundo Kanitz, o C-390 é mais rápido e pode transportar uma carga comparável à do C-130. Em conformidade com a política indiana de “Fabricar na Índia”, a Embraer assinou dois memorandos de entendimento com a empresa indiana Mahindra para explorar as possibilidades de fabricar o C-390 na Índia, tanto para uso nacional quanto para exportação.