O Peru se prepara para revitalizar sua força aérea, começando pelos antigos MiG-29. Segundo fontes russas, serão necessários 24 novos caças para substituir a frota envelhecida de 16 MiG-29 adquiridos da Bielorrússia em 1996. Entre os candidatos para essa importante modernização estão aviões ocidentais como o Lockheed Martin F-16V Block 70, o SAAB JAS 39 Gripen e o Dassault Rafale F4.
Em 1996, o Peru comprou da Bielorrússia 16 MiG-29 de segunda mão por cerca de 250 milhões de dólares. Esses aparelhos, construídos no final da década de 1980, faziam parte do arsenal soviético que a Bielorrússia herdou após o colapso da URSS. Essa aquisição foi fundamental para os esforços de modernização da força aérea peruana, complementando outras compras, como os aviões de ataque Su-25.
A modernização essencial dos MiG-29 no Peru
Embora esses MiG-29 fossem considerados avançados em sua época, apresentavam limitações, especialmente em termos de alcance e aviônica, quando comparados a caças ocidentais mais contemporâneos.
Os MiG-29 bielorrussos eram, em sua maioria, da variante 9.13 [Fulcrum-C], que dispunha de maior capacidade de combustível e do radar N019. Isso melhorava suas capacidades de combate ar-ar, mas fornecia funcionalidade ar-terra limitada. Equipados com mísseis R-27 e R-73, esses caças eram famosos por sua manobrabilidade excepcional em combates a curta distância, graças aos seus motores Klimov RD-33.
No entanto, com o passar do tempo, a Força Aérea Peruana enfrentou problemas de manutenção, especialmente na obtenção de peças de reposição para esses aviões de segunda mão, o que destacou a necessidade urgente de modernizá-los.
Para enfrentar as ameaças regionais em constante mudança e os avanços da tecnologia aeronáutica, o Peru iniciou um programa de modernização de seus MiG-29, atualizando-os para o padrão MiG-29 SMP. Essas melhorias incluem novos radares Zhuk-ME, uma aviônica aprimorada e a integração de armamentos ar-ar e ar-terra de última geração, o que prolonga significativamente a vida útil dessas aeronaves.
Ao determinar o melhor caça para a Força Aérea do Peru [FAP], é crucial considerar as limitações orçamentárias da nação, a situação geopolítica e os requisitos operacionais. O Lockheed F-16V Block 70 se destaca por sua aviônica avançada, desempenho consolidado e relação custo-benefício. Como uma versão aprimorada do F-16, oferece sistemas de radar de última geração e capacidades de combate altamente adequadas para as necessidades de defesa do Peru frente às ameaças regionais.
Uma vantagem adicional do F-16 é seu amplo apoio logístico e infraestrutura de manutenção já estabelecida por vários países latino-americanos, o que agilizaria a integração e minimizaria os custos operacionais. Dadas as alianças estratégicas do Peru, especialmente com os Estados Unidos, o F-16V também melhoraria a interoperabilidade com as forças aliadas da região.
As novas alternativas para a Força Aérea do Peru
O Saab JAS 39 Gripen e o Dassault Rafale F4 também oferecem grandes capacidades, mas com implicações diferentes. O Gripen, conhecido por sua agilidade e capacidades multifuncionais, pode realizar uma ampla gama de missões, desde combates ar-ar até apoio em solo, tudo isso mantendo custos operacionais mais baixos. No entanto, sua presença relativamente limitada nas Américas pode gerar desafios logísticos e de treinamento.
O Rafale F4, apesar de sua grande capacidade com sistemas avançados e funcionalidade multifuncional, geralmente exige um orçamento mais elevado para aquisição e manutenção, o que pode sobrecarregar o orçamento de defesa do Peru. Em geral, embora tanto o Gripen quanto o Rafale ofereçam tecnologia e desempenho avançados, o F-16V Block 70 se destaca como a opção mais pragmática para o Peru, equilibrando custo, capacidade e compatibilidade regional.
A decisão de Lima de retirar de serviço os caças bielorrussos, alguns com mais de 40 anos, é lógica e imperativa. No entanto, menos conhecido é o fato de que o Peru opera caças de exportação MiG-29SE, adquiridos totalmente novos da Rússia em 1998. Esses caças, com 26 anos de idade, ainda estão operacionais. O que o Peru fará com esses caças? Renová-los, vendê-los ou também aposentá-los?
A questão da atualização dos caças MiG-29SE do Peru pode parecer delicada devido às sanções em curso contra a Rússia. Embora o Peru não esteja diretamente envolvido nas sanções à Rússia por causa do conflito na Ucrânia, as sanções generalizadas – lideradas pelos Estados Unidos, a UE e outros países – impactaram significativamente a indústria de defesa russa.
Isso inclui limitações na aquisição de peças de reposição, tecnologia avançada e gestão de transações financeiras. Portanto, embora o Peru queira colaborar com a Rússia na modernização de sua frota de MiG-29, pode enfrentar dificuldades consideráveis em termos de logística, pagamentos e assistência técnica.
Em termos de alternativas, Israel e Polônia se destacam como candidatos promissores para atualizar os MiG-29 peruanos. Israel tem um histórico notável de modernização de aeronaves da era soviética, tendo melhorado MiG-21 e MiG-29 para vários países, integrando sistemas de aviônica, eletrônica e armamentos de ponta. Conhecido por sua habilidade como modernizador de terceiros, Israel costuma usar tecnologias ocidentais para substituir sistemas soviéticos obsoletos.
Dada a cooperação de defesa existente entre Peru e Israel, e as aquisições anteriores de tecnologia militar israelense pelo Peru, Israel surge como um parceiro viável para possíveis modernizações.
A Polônia, com sua notável experiência na operação e modernização de MiG-29, é outro parceiro viável. Empresas polonesas, às vezes em parceria com suas contrapartes ocidentais, modernizaram amplamente sua frota de MiG-29 para atender aos padrões da OTAN, incorporando aviônica, sistemas de comunicação e armamentos avançados.
Dito isso, o envolvimento da Polônia na guerra da Ucrânia, sua proximidade com a Rússia e suas fortes alianças com o Ocidente podem complicar a viabilidade dessa colaboração. No entanto, a Polônia já colaborou com outros países em projetos de defesa no passado.
A relação de defesa entre Peru e Polônia, embora positiva, é relativamente limitada, o que faz com que essa parceria dependa de fatores geopolíticos e do escopo das melhorias necessárias para o Peru.
O futuro dos MiG-29SE e as dificuldades de modernização
Se o Peru não puder modernizar sua frota de MiG-29SE devido às sanções internacionais à Rússia ou obstáculos logísticos, a venda dos aviões se torna uma alternativa potencial. Na América Latina, nações como Venezuela, Cuba ou Nicarágua – países que mantêm laços de defesa com a Rússia – poderiam demonstrar interesse. No entanto, a instabilidade econômica nessas regiões poderia complicar qualquer acordo possível.
Além disso, países do Oriente Médio e do Norte da África com experiência na operação de aviões russos ou da era soviética, como Argélia, Egito ou Síria, poderiam ser compradores viáveis. Países da Europa Oriental ou Ásia Central, como Sérvia, Cazaquistão ou Uzbequistão, também poderiam manifestar interesse.
No entanto, muitos desses países já estão modernizando suas frotas ou recebendo apoio direto da Rússia, o que limita a demanda por aviões mais antigos.
A venda desses caças apresenta desafios significativos. Os MiG-29SE provavelmente precisariam de melhorias substanciais, o que os tornaria menos atraentes, a menos que fossem vendidos com desconto. Além disso, as sanções internacionais contra a Rússia poderiam complicar a transferência de peças e o suporte técnico. Além disso, o escrutínio global – especialmente por parte dos Estados Unidos e seus aliados – poderia restringir acordos com países politicamente sensíveis.
Apesar desses obstáculos, uma venda poderia ser viável em regiões familiarizadas com equipamentos militares soviéticos ou russos, embora o grupo de compradores seja limitado por esses fatores.