A fabricante de aeronaves Lockheed Martin deve demorar pelo menos 18 meses para entregar os caças F-35 Lightning II armazenados às Forças Armadas dos Estados Unidos. Esses aviões foram retidos após saírem da linha de produção por conta de atrasos na implementação da atualização tecnológica Tech Refresh 3 (TR-3). A informação foi divulgada em entrevista concedida por Greg Ulmer, presidente da divisão aeronáutica da empresa, ao portal Air & Space Forces, durante a Conferência de Ar, Espaço e Cibernética da AFA.
Durante o evento, a Lockheed Martin não especificou quantos F-35 foram armazenados, mas estima-se que o número esteja próximo de 100 unidades. O mais surpreendente é que o tempo previsto para a entrega desses caças é superior ao calculado anteriormente pela GAO (Escritório de Responsabilidade Governamental dos EUA), que havia projetado um período menor para a liberação das aeronaves. “Eles estão armazenados em quente”, explicou Ulmer, referindo-se ao fato de que os caças recebem manutenção regular enquanto aguardam a instalação completa do novo software.
A principal razão do atraso é a necessidade de implementar o hardware TR-3 nos aviões, que inclui processadores mais rápidos, uma nova tela e outras melhorias importantes. Embora o hardware já esteja nos caças, o software ainda precisa ser testado e certificado pelo governo dos Estados Unidos, o que está previsto para acontecer somente em 2025. Sem essa certificação, o governo se recusa a aceitar as aeronaves. A atualização TR-3 engloba mais de 80 modificações em áreas cruciais, como comunicações, navegação e guerra eletrônica, que ainda não estão prontas.
Em julho, o general Michael Schmidt, diretor da JPO (Escritório do Programa Conjunto), aprovou a entrega dos caças com uma versão reduzida do software TR-3. Isso permitiu à Lockheed Martin retomar parcialmente as transferências dos F-35, possibilitando também o treinamento de pilotos com essa versão limitada do software. Apesar das limitações, essa medida contornou em parte os graves atrasos causados pelos problemas nas fases de teste e instalação da atualização.
No entanto, o desafio para a empresa continua. Em um relatório divulgado em maio, a GAO estimou que levaria cerca de um ano para que todos os F-35 armazenados fossem entregues, juntamente com novos aviões saindo da fábrica. Embora a Lockheed Martin tenha comunicado ao governo que poderia entregar cerca de 20 caças por mês, a GAO destacou que a empresa nunca superou a marca de 13 unidades mensais.
Mesmo com a aceleração planejada, a entrega de todos os aviões armazenados ainda dependerá da finalização e certificação completa do software TR-3. O relatório também destacou que a Agência de Gestão de Contratos de Defesa considera “viável” a entrega de 20 aviões por mês, conforme prometido pela fabricante.
Por fim, é importante lembrar que, em julho, Lockheed Martin conseguiu entregar os dois primeiros caças F-35 sob o padrão Tech Refresh 3, após os longos atrasos. Já no final de agosto, a empresa entregou mais um lote de aviões de combate furtivos às Forças Armadas dos Estados Unidos, aliviando parcialmente a pressão sobre a companhia.
Com informações de: Zona Militar