As explosões quase simultâneas de pagers em todo o Líbano e partes da Síria nesta terça-feira deixaram pelo menos oito mortos e cerca de 2.800 feridos, incluindo membros do Hezbollah e o embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani. Enquanto as investigações estão em andamento, especula-se que a inteligência israelense possa ter hackeado ou sabotado os dispositivos de comunicação usados pelo grupo.
Como os pagers podem explodir?
Uma das hipóteses levantadas por especialistas ao periódico inglês Daily Mail, é que as baterias de íons de lítio que alimentam os pagers tenham sido manipuladas remotamente para entrar em fuga térmica. Esse fenômeno ocorre quando a bateria sofre superaquecimento, perfuração ou sobrecarga, levando a uma reação química em cadeia que resulta na liberação súbita de energia. Isso pode causar incêndios ou até mesmo explosões violentas, com temperaturas chegando a 590 graus Celsius.
Possível ataque cibernético
Especialistas sugerem que os pagers, apesar de serem dispositivos considerados mais seguros que smartphones por não emitirem sinais rastreáveis, podem ter sido alvo de um ataque cibernético sofisticado. Como os pagers geralmente utilizam canais de comunicação não criptografados e software desatualizado, tornam-se vulneráveis a intervenções externas.
Uma possibilidade é que um malware tenha sido introduzido na rede de pagers do Hezbollah, permanecendo inativo até se espalhar amplamente. Esse vírus poderia ser ativado remotamente ou por meio de um temporizador programado, causando a sobrecarga das baterias e desencadeando a fuga térmica.
Sequestro de sinal e ativação remota
Outra teoria é que forças israelenses ou outros agentes tenham conseguido sequestrar o sinal de transmissão dos pagers. Ao manipular o sistema de mensagens, poderiam ter enviado um comando que provocasse a explosão das baterias. Vídeos do incidente mostram que os dispositivos pareciam receber uma mensagem momentos antes de detonarem, o que pode indicar que o sinal foi usado como gatilho.
Implicações para a segurança
Se confirmado como um ataque cibernético, este incidente representaria um caso raro e alarmante de guerra cibernética causando danos físicos em larga escala. Isso levanta preocupações sobre a segurança de dispositivos eletrônicos usados em comunicações militares e a necessidade de protocolos mais robustos de proteção contra hacking.
Contexto das tensões regionais
O Hezbollah adotou o uso de pagers após seu líder, Hassan Nasrallah, instruir os membros a evitarem smartphones, que podem ser facilmente rastreados e interceptados. No entanto, o incidente mostra que mesmo tecnologias consideradas seguras podem ser vulneráveis a ataques sofisticados.
O episódio ocorre em meio a tensões crescentes entre o Líbano e Israel, com confrontos frequentes na fronteira desde o início do conflito entre Israel e o Hamas no ano passado. O suposto envolvimento de Israel neste ataque, embora não confirmado oficialmente, poderia representar uma escalada significativa nas hostilidades.
Reações e próximos passos
As autoridades libanesas e o Hezbollah estão conduzindo investigações para determinar a causa exata das explosões. Enquanto isso, o Ministério da Saúde do Líbano alertou os cidadãos a se afastarem de quaisquer pagers que possuam e pediu que os hospitais estejam preparados para atender os feridos.
Este incidente ressalta a importância da cibersegurança em dispositivos de comunicação e pode levar a mudanças significativas na forma como grupos militares e paramilitares conduzem suas operações.