Texto de opinião: A Amazônia, frequentemente vista por muitos como uma fronteira distante e desconhecida, é um dos maiores tesouros naturais do Planeta. Com uma biodiversidade incomparável, essa vasta região não é apenas uma parte vital do nosso território, mas também uma reserva de recursos estratégicos que pode impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país, até mesmo a qualidade de vida da população, em certo grau.
Entretanto, a floresta está constantemente sob os olhos cobiçosos de interesses estrangeiros que enxergam suas riquezas como uma oportunidade de obter lucro e acesso a insumos preciosos para produtos diversos. É essencial que o Brasil reforce a proteção dessas riquezas, assegurando que os benefícios de sua exploração permaneçam sob controle nacional e que ocorra de forma sustentável, já que elas são chaves para novas tecnologias que poderão contribuir muito com a economia brasileira além da qualidade de vida da nossa população.
Para muitos brasileiros, especialmente aqueles que vivem nas regiões Sul e Sudeste, a Amazônia pode parecer distante e desconectada do dia a dia. No entanto, compreender a importância da Amazônia é fundamental para a defesa dos interesses nacionais. Com uma extensão comparável ao tamanho da Europa, a Amazônia é um ecossistema complexo, cheio de sub-regiões com características climáticas, biológicas e culturais únicas. Esta vastidão sublinha a necessidade de políticas adaptativas e específicas para cada área, e não de soluções genéricas que muitas vezes ignoram as nuances da região.
Proteger as riquezas amazônicas: Uma questão de soberania nacional
A floresta amazônica é cobiçada por suas riquezas naturais e pelo potencial biotecnológico. Historicamente, a Amazônia já foi alvo de biopirataria inúmeras vezes, como no caso das sementes de seringueira, que no início do século passado trouxeram grande riqueza, mas que foram levadas ilegalmente para o Sudeste Asiático, resultando na perda do controle brasileiro sobre a produção mundial de borracha, e no declínio economico para a região.
Hoje, as ameaças persistem, com tentativas frequentes de patenteamento indevido de produtos amazônicos por empresas estrangeiras, como no caso do açaí e do cupuaçu, que felizmente não foram bem sucedidos, mas que não sobrepõem aqueles que são. Esse tipo de exploração destaca a necessidade urgente de proteger nossos recursos contra interesses externos que buscam lucrar às custas da nossa biodiversidade. Países estrangeiros e grandes empresas já demonstraram interesse em patentear plantas, sementes e conhecimentos que pertencem ao patrimônio genético do Brasil. A biopirataria continua sendo uma ameaça real e, sem uma proteção efetiva, o Brasil pode perder o controle sobre recursos estratégicos que têm o potencial de revolucionar setores inteiros da economia global.
Potencial Amazônico: produtos sustentáveis e oportunidades para o Brasil
Fui privilegiado com a oportunidade de visitar o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) em Manaus, anos atrás, onde pude conhecer de perto o potencial transformador da floresta. O CBA está na linha de frente do desenvolvimento de inovações que podem transformar a maneira como exploramos os recursos amazônicos, com pesquisas que buscam desenvolver produtos sustentáveis a partir dos recursos naturais da Amazônia, demonstrando como podemos converter nossa biodiversidade em benefícios para nossa sociedade, seja em produtos finais ou insumos produtivos.
Dentre as diversas pesquisas realizadas no CBA, algumas que mais me chamaram a atenção durante minha visita foram uma fibra extraída da planta de Tucum, extremamente flexível, leve e resistente, podendo ser usada para reforçar materiais compostos; um couro sintético feito através da fermentação da kombucha, com as mesmas propriedades do couro tradicional; um plástico biodegradável, produzido a partir de plantas amazônicas, sem necessidade qualquer de petróleo, capaz de se decompor totalmente em 30 dias, representando uma alternativa promissora, especialmente para embalagens e sacolas plásticas, e posicionar o Brasil como líder na produção de plásticos sustentáveis; ainda, produtos nutracêuticos e medicinais de plantas, como raízes que previnem cáries ou fortalecem o sistema imunológico, baseados em conhecimentos dos povos indigenas locais. Isso sem falar nos óleos essenciais e cosméticos naturais, com plantas únicas que possuem propriedades aromáticas e medicinais – a Amazônia é um reservatório de recursos que têm alto valor no mercado global de cosméticos e terapias naturais, setores onde o Brasil pode expandir sua presença internacional.
Pressões internacionais e a exploração da Amazônia
O Brasil enfrenta pressões constantes para adotar políticas que supostamente visam proteger a Amazônia, mas que muitas vezes limitam a soberania sobre suas próprias decisões. Defender a Amazônia é mais do que uma questão ambiental; é um ato de soberania e de defesa dos interesses estratégicos do país. A floresta é um ativo nacional, e seu controle deve permanecer nas mãos dos brasileiros, que são os verdadeiros herdeiros dessas riquezas.
O caminho para o futuro passa por um desenvolvimento sustentável e pela valorização dos recursos locais. As práticas sustentáveis que já estão sendo implementadas na Zona Franca de Manaus, como a multiplicação genética de plantas raras e a biotecnologia, mostram como o Brasil pode utilizar sua riqueza natural sem comprometer o meio ambiente.
Com a exploração sustentável destes recursos corretamente, é possível gerar riquezas e desenvolvimento economico e social para a região, especialmente se ligada a produção destes produtos às cadeias produtivas do restante do país. Imagine o potencial do uso da fibra de Tucuman na engenharia civil e em chassis automotivos, como exemplificado durante minha visitação no CBA, ou a embalagem da comida do seu delivery e a sacola do supermercado feitas do plástico vegetal, também os diversos artigos de moda e vestuário usando o couro vegetal de kombucha… São exemplos do potencial economico de riquezas praticamente escondidas da Amazônia.
Contudo, de nada adianta desenvolver tais produtos se nem ao menos temos o conhecimento deles no país, especialmente na classe empresarial, que são aqueles que devem negociar e produzi-los. Seria importante que as empresas nacionais realizassem tais parcerias, de modo a transformar projetos do CBA em realidade, e não apenas deles, mas de todos os centros de tecnologia que temos no país.
Futuro da Amazônia e o desenvolvimento do Brasil
A Amazônia não é apenas uma floresta, é um ativo estratégico que pode ser o motor de um desenvolvimento econômico sustentável e inovador para o Brasil. As riquezas naturais e biotecnológicas que a região oferece têm o potencial de transformar setores inteiros da economia, posicionando o Brasil como um líder global em sustentabilidade e inovação. Entretanto, para que esse potencial seja plenamente realizado, é fundamental que o país reforce suas defesas contra a biopirataria e qualquer tentativa de exploração indevida por interesses estrangeiros.
Proteger a Amazônia é proteger a soberania brasileira sobre suas próprias riquezas, garantindo que o desenvolvimento econômico gerado a partir desses recursos beneficie, em primeiro lugar, o povo brasileiro. Ao investir em pesquisa, inovação e capacitação local, e ao criar um arcabouço jurídico robusto contra a exploração externa, o Brasil pode transformar sua biodiversidade em uma fonte de prosperidade e orgulho nacional. A defesa da Amazônia é, portanto, uma defesa do nosso futuro econômico e da nossa posição estratégica no cenário global.
A Amazônia deve ser a chave para um Brasil mais forte, soberano e líder em desenvolvimento sustentável, e cabe a nós garantir que seu potencial seja explorado de forma responsável, sempre colocando os interesses nacionais em primeiro lugar.