O Parlamento Europeu segue os passos da Espanha e reconhece o líder opositor venezuelano Edmundo González Urrutia como presidente da Venezuela, diante da recusa do líder do regime Nicolás Maduro de divulgar as atas eleitorais. A medida, votada nesta quinta-feira, foi aprovada com 309 votos a favor e 201 contra.
A proposta foi apresentada pelo Partido Popular Europeu, a principal força no Parlamento Europeu, e promovida especialmente pela delegação popular espanhola, que pretende, com isso, aumentar a pressão sobre o governo de Pedro Sánchez – é uma resolução com grande peso político, mas, em qualquer caso, não é vinculativa.
Reconhecimento de González Urrutia e o apoio à líder das forças democráticas
Como medidas principais, o texto aprovado reconhece González Urrutia como presidente legítimo e democraticamente eleito da Venezuela, e a María Corina Machado como líder das forças democráticas na Venezuela. Também solicita que todos os Estados membros da UE adotem esta decisão e pede, tanto à UE quanto aos seus países membros, que emitam uma ordem de prisão internacional contra Nicolás Maduro por crimes contra a humanidade.
“Uma vitória importantíssima para todos os democratas que defendem a liberdade contra as ditaduras. Nem um passo atrás. Até o final”, afirmou a deputada popular, Dolors Montserrat, em uma mensagem no X.
Os deputados integrados no grupo político dos Socialistas Europeus, incluindo o PSOE, rejeitaram a medida. “O governo e os socialistas no Parlamento Europeu precisam explicar se a recusa em reconhecer Edmundo González está relacionada com as coações a González por dois líderes chavistas na residência do embaixador da Espanha na Venezuela”, criticaram fontes do PP no Parlamento Europeu.
Diante da recusa do segundo maior grupo no Parlamento Europeu, o PP optou por romper o cordão sanitário e buscar o apoio dos grupos de extrema-direita de Giorgia Meloni e Viktor Orbán – e com isso do Vox – apesar de o eurodeputado e vice-secretário institucional do PP, Esteban González Pons, ter negado que o partido se juntaria à proposta. “Não vamos consentir mentiras ou boatos. Peça desculpas, se seu orgulho permitir”, repreendeu o líder do Vox no Parlamento Europeu, Jorge Buxadé.
“A resolução não apenas conta com nosso firme apoio, mas este grupo político teve um papel substancial na redação do melhor texto em defesa da liberdade e do Estado de Direito”, esclareceu o líder da extrema-direita.
Até agora, nenhum governo da União Europeia reconheceu formalmente González Urrutia, limitando-se a exigir os resultados das atas eleitorais. Especialmente após observadores internacionais, como o Centro Carter, questionarem tanto os resultados apresentados pelo regime quanto o processo eleitoral. O mesmo posicionamento é adotado pelo Executivo europeu, que ainda estuda como resolver essa crise política com uma medida consensual entre todos os estados, agora com o líder da oposição no exílio.