Controlar o espaço aéreo brasileiro 24 horas por dia, durante os 365 dias do ano, é uma missão complexa e contínua. Para garantir a segurança nos céus, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) conta com um efetivo de 4.524 Controladores de Tráfego Aéreo, sendo que cerca de 3.800 desses militares ocupam funções operacionais essenciais.
Estes profissionais estão distribuídos em todo o território nacional, desempenhando um papel crucial em Centros de Controle de Área (ACC), Controle de Aproximação (APP) e nas Torres de Controle de Aeródromo, garantindo a separação segura das aeronaves e fornecendo informações críticas aos pilotos.
Escalas rigorosas garantem operações seguras e eficientes no DECEA
A capacidade do DECEA de manter uma operação eficiente e segura está ligada ao cumprimento de escalas bem estruturadas. De acordo com o Subdepartamento de Operações (SDOP), o número de controladores é cuidadosamente ajustado para que nunca falte pessoal qualificado em cada turno. As funções desses profissionais vão além do controle de tráfego aéreo: eles também garantem que os padrões internacionais de segurança operacional, como os estipulados pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), sejam seguidos de forma rigorosa. Segundo o Capitão Joaquim Tavares Lobo Júnior, Chefe da Seção de Normas ATM do SDOP, “o DECEA busca prover o descanso necessário para que todo controlador possa exercer suas atividades de forma efetiva e segura”.
Gestão de fadiga e carga de trabalho dos controladores de voo no DECEA
O controle do espaço aéreo não só exige atenção contínua, mas também a capacidade de lidar com o estresse e a fadiga que surgem com longas horas de trabalho. A OACI, em seu manual de gerenciamento de fadiga, oferece diretrizes claras que são seguidas pelo DECEA para garantir que os controladores estejam sempre em plenas condições de exercer suas funções. Essas orientações são incorporadas à Instrução de Comando da Aeronáutica (ICA) 63-33, que estabelece os critérios para criação, ativação e desativação de posições operacionais, além da definição de carga de trabalho mensal para os controladores.
A ICA 63-33 também regula a quantidade de tempo que cada controlador pode passar operando de forma contínua, considerando a demanda operacional de cada órgão de controle. Os órgãos de controle são classificados em quatro classes, com base na média de movimentos aéreos dos últimos três anos. Nos órgãos de classes 1 e 2, os mais movimentados, os controladores podem operar por no máximo duas horas ininterruptas, enquanto nas classes 3 e 4, que têm menor fluxo de tráfego, o período de trabalho pode chegar a três horas. Em casos de baixa demanda, a duração máxima pode ser estendida a quatro horas, mas essas situações são raras.
Papel da psicologia no Controle de Tráfego Aéreo
Além das diretrizes rigorosas para o controle de fadiga, o DECEA também valoriza a saúde mental de seus controladores. A psicologia desempenha um papel essencial no monitoramento do bem-estar desses profissionais. Dada a natureza do trabalho, que envolve alta responsabilidade e pode ser impactado por incidentes ou acidentes aéreos, psicólogos especializados são acionados quando qualquer comportamento atípico é observado. A Sargento Patrícia Elizete Barbosa Ferreira da Costa, auxiliar do Setor de Serviços de Tráfego Aéreo, ressalta: “Se observado alguma situação ou comportamento atípico com os controladores, os psicólogos atuam rigidamente para garantir a segurança operacional”.