De acordo com o portal CNN, o Brasil contabiliza quase 2 mil incêndios nas últimas 24 horas, sendo 661 apenas no Nordeste. No mês de setembro, segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Brasil apresentou um crescimento de 132% em comparação ao ano passado e atualmente conta com mais de 57 mil focos ativos. De acordo com esses dados recentes das últimas 24 horas, a região Norte está atrás da Região Nordeste e contabiliza 536 novos focos, enquanto a região Sul foi a que menos apresentou avanço de queimadas neste período.
A região Sudeste está atrás da região Centro-Oeste, com 205 e 391 novos casos, respectivamente. Durante uma entrevista, a Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), esclareceu os desafios e dificuldades de combater o fogo nas áreas de conservação e também nas terras indígenas. Marina também afirmou que os brigadistas que estão na linha de frente da operação contra os incêndios criminosos enfrentam perseguições e ameaças. A declaração, feita nesta terça-feira, 17, aponta que os profissionais em Rondônia foram recebidos a bala.
Sobre incêndios criminosos, Marina destacou que o uso do fogo para a limpeza das áreas foi proibido, considerando a situação atual; portanto, todo e qualquer uso do fogo pode ser considerado criminoso. Além disso, ela ressaltou a necessidade de um trabalho coletivo, enfatizando que o problema dos incêndios no Brasil não é apenas uma questão municipal ou estadual, e que a proteção das reservas e terras indígenas tem sido um desafio.
Brigadistas e dificuldades
Segundo estudos, o Brasil enfrenta a maior onda de incêndios em 14 anos, com um aumento de 104% desde o ano passado. Além disso, situações como a morte dos brigadistas durante o combate às chamas têm levantado questões importantes. Em entrevista à BBC, um dos brigadistas relatou longas jornadas de trabalho e labaredas de até 20 metros de altura. As jornadas ultrapassam dez horas e as temperaturas podem chegar a mil graus. Apesar de haver mais de 3.200 brigadistas federais, o maior número dos últimos tempos, o efetivo parece insuficiente diante da gravidade do problema.
A estiagem severa também tem impactado o volume dos rios tanto no Pantanal quanto na Amazônia e no Cerrado, que têm apresentado percentuais de água abaixo dos já registrados. Em entrevista à BBC, brigadistas indígenas relataram que o fogo se alastra com grande facilidade. Em alguns focos de incêndio alarmantes, a ordem foi abandonar o local devido à gravidade da situação. Os profissionais também têm relatado medo de morrer e que não há tempo para se preparar, pois cada foco de incêndio se comporta de maneira diferente.
Salários e Seguro
Durante a entrevista, brigadistas também mencionaram a insalubridade, a fumaça tóxica e o salário mínimo, relatando que esse é o valor pago para brigadistas vinculados ao Ibama. Além disso, os profissionais recebem adicional de insalubridade, auxílio transporte e pré-escolar para aqueles que têm filhos. O seguro de vida pago à família é de R$ 20 mil. Sobre a preparação dos brigadistas, os entrevistados afirmaram que a equipe é treinada e que o grupo já foi para Bolívia e Canadá; no entanto, as situações atuais estão alarmantes e desafiam até os profissionais mais treinados.
Sobre o tempo do fogo, os profissionais destacaram que o trabalho se estende por mais de 10 horas e que além do cansaço físico, a exaustão mental tem sido uma das reclamações mais frequentes entre os grupos. Com isso, nem sempre todos estão conseguindo acompanhar os processos e com isso, às vezes as ações não tem sido satisfatória. No que se refere à ação do homem nas queimadas, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, pontuou: “Quase todo incêndio no Brasil tem por trás a ação humana. Ou é um vandalismo, ou é sadismo de pessoas que querem ver a floresta pegar fogo ou são pessoas que querem degradar a floresta para utilizar a área como na Amazônia e no Matopiba [região formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia]”.
Fonte: BBC News