Na guerra entre Estados Unidos e China pelo domínio dos semicondutores, os EUA incluíram a Índia, país membro dos BRICS, em sua aliança global. O objetivo é criar uma cadeia de suprimentos mais amigável e segura em meio à crescente competição tecnológica com a China, que vê Taiwan, peça central desse mercado, como parte de seu território. A informação é do Foreign Policy.
A guerra pelos chips
Os semicondutores são fundamentais para a economia global, presentes em smartphones, carros e até mísseis balísticos. Eles também são essenciais para tecnologias emergentes como inteligência artificial e computação quântica. Com isso, os EUA adotaram uma série de medidas para limitar a venda de chips avançados à China, bloqueando o acesso de empresas chinesas a essas tecnologias.
Taiwan, o centro da produção mundial
Taiwan, responsável por mais de 90% dos semicondutores avançados do mundo, está no centro dessa disputa. A ilha tem uma posição estratégica e vital no fornecimento global de chips, e isso preocupa os EUA. A China, que considera Taiwan parte de seu território, comprometeu-se a eventualmente anexar a ilha, tornando a situação geopolítica cada vez mais delicada.
“Nós, como mundo, somos tão perigosamente dependentes de Taiwan que há espaço para duplicação”, disse a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, à Foreign Policy em uma entrevista neste ano.
A Índia entra em cena
Como parte da estratégia para diversificar a cadeia de suprimentos e reduzir a dependência de Taiwan, os EUA adicionaram a Índia à sua aliança de semicondutores. O governo indiano já investe cerca de US$ 9 bilhões no setor, e, durante a visita de Narendra Modi a Washington, a empresa Micron Technology anunciou um compromisso de quase US$ 3 bilhões para construir uma nova fábrica na Índia.
“O número de técnicos e engenheiros de que precisamos no mundo todo é astronômico”, disse um alto funcionário do Departamento de Estado à Foreign Policy. “A Índia é um parceiro natural nessa área, e estamos muito animados para explorar essa oportunidade com eles”, concluiu.
Fundo ITSI e cooperação global
A inclusão da Índia faz parte do Fundo Internacional de Segurança Tecnológica e Inovação (ITSI), que conta com US$ 500 milhões para fortalecer a produção de semicondutores em países parceiros. Até agora, oito países já fazem parte dessa aliança, como México e Vietnã, com foco no desenvolvimento de montagem, teste e embalagem de chips.
O objetivo da parceria
A parceria entre os Estados Unidos e a Índia tem como objetivo principal reduzir a dependência global em relação a Taiwan e criar uma cadeia de suprimentos mais resiliente e diversificada. Ao investir na produção de semicondutores na Índia, os Estados Unidos buscam garantir o acesso a esses componentes essenciais para suas próprias indústrias e fortalecer sua posição na disputa tecnológica com a China.
Os desafios da parceria
A implementação dessa parceria enfrenta diversos desafios, como a necessidade de investimentos maciços em infraestrutura e a formação de mão de obra qualificada. Além disso, a Índia precisará superar obstáculos regulatórios e burocráticos para atrair investimentos estrangeiros e desenvolver sua indústria de semicondutores.
Os EUA buscam, assim, fortalecer sua posição na corrida tecnológica global, enfrentando diretamente a crescente influência da China no setor de semicondutores.