Na última sexta-feira (6), a embaixada da Argentina na Venezuela foi cercada por forças de segurança venezuelanas em um movimento que gerou grande apreensão na comunidade internacional. A ministra de Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, relatou que agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) e da Direção de Ações Estratégicas e Táticas (Daet), ambos encapuzados e armados, estavam envolvidos na operação. Segundo Bullrich, o objetivo da ação era violar as regulamentações internacionais que protegem o local, uma grave violação dos tratados diplomáticos que regem as relações internacionais.
O cerco ocorreu logo após a expulsão dos diplomatas argentinos pela administração de Nicolás Maduro, que revogou a custódia brasileira sobre a embaixada. A custódia havia sido assumida pela embaixada brasileira em Caracas no início de agosto, logo após a expulsão, com a missão de proteger tanto a sede diplomática quanto os seis opositores venezuelanos que estão abrigados no local desde março deste ano. A situação, até então tensa, agravou-se com relatos de cortes de energia elétrica na embaixada, o que gerou preocupação adicional sobre a segurança dos asilados e dos diplomatas.
Cerco à embaixada Argentina em Caracas: denúncias, cortes de serviços e reações da oposição
O movimento das forças venezuelanas foi amplamente condenado pela oposição venezuelana e por países latino-americanos. O coordenador internacional da oposição venezuelana, Pedro Urruchurtu Noselli, relatou em suas redes sociais o momento em que o cerco se intensificou, descrevendo a presença de vários agentes armados ao redor da embaixada. Segundo Urruchurtu Noselli, eram “nove e trinta e cinco minutos da noite quando o grande grupo de agentes cercou a sede diplomática”, que está sob custódia do governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva.
A embaixada brasileira, ao assumir a responsabilidade pela sede argentina, também se comprometeu a garantir a integridade física dos asilados, bem como a proteção dos documentos e do edifício. No entanto, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil informou que não havia sido notificado oficialmente pelo regime de Maduro sobre a revogação da custódia, o que aumentou a incerteza sobre o futuro da representação diplomática.Além das denúncias de cerco e cortes de serviços, a oposição venezuelana afirmou que esse tipo de ação já vinha sendo adotado contra a embaixada desde julho, com cortes intermitentes de luz e água, tornando a situação cada vez mais insustentável para os asilados e diplomatas.
Rompimento diplomático entre Venezuela e Argentina agrava tensões na América Latina
O rompimento das relações diplomáticas entre a Venezuela e a Argentina, assim como com outros seis países da América Latina, ocorreu após os governos desses países terem rejeitado a reeleição de Nicolás Maduro. A ruptura, marcada pela proclamação da vitória de Maduro pelo órgão eleitoral venezuelano, gerou tensões e posicionamentos contrários à administração venezuelana.
Segundo a assessoria do Ministério de Relações Exteriores da Argentina, a revogação unilateral da custódia brasileira pela Venezuela não poderia ocorrer sem a definição de um novo responsável aceito pela Argentina, o que aumentou as incertezas sobre a diplomacia na região. “Não podem revogar unilateralmente e deixar um vazio”, declarou a assessoria, acrescentando que um substituto aceito pela Argentina precisaria ser nomeado.
Crise diplomática na Venezuela e apelo da Argentina à comunidade internacional
A ministra Patricia Bullrich apelou à comunidade internacional para que resistisse à “brutalidade do regime autoritário e ditatorial de Maduro”, reforçando a determinação da Argentina em não permitir qualquer interferência em sua embaixada. A situação, além de ser uma grave violação do direito internacional, representa mais um capítulo da crescente crise diplomática que envolve a Venezuela e seus vizinhos latino-americanos.
A continuidade dessa situação poderá gerar ainda mais reações internacionais, colocando a Venezuela em uma posição delicada frente a sanções e medidas diplomáticas de outros países. A comunidade internacional, especialmente os países latino-americanos, está de olhos atentos aos desdobramentos dessa crise e ao futuro das relações com o governo de Nicolás Maduro.
Com o aumento da tensão, o cenário diplomático na Venezuela continua a evoluir, com potenciais repercussões que podem impactar não apenas a região, mas também às relações internacionais globais.