Na última quarta-feira, um destróier japonês da classe Takanami, o JS Sazanami (DD-113), navegou pelo Estreito de Taiwan acompanhado de um destróier australiano e um navio de apoio da Nova Zelândia. A travessia, que durou mais de 10 horas, foi confirmada por meios de comunicação japoneses na quinta-feira, e faz parte de um movimento estratégico que já começou a gerar repercussão internacional. O comboio está se dirigindo para o Mar do Sul da China, onde realizará exercícios conjuntos, aumentando a tensão já existente na região.
De acordo com o jornal japonês Yomiuri Shimbun, a decisão de passar pelo Estreito de Taiwan partiu diretamente do primeiro-ministro japonês Fumio Kishida. No entanto, o porta-voz oficial do governo japonês, Yoshimasa Hayashi, preferiu não comentar o trânsito dos navios, argumentando que se tratava de uma operação da Força de Autodefesa do Japão (JSDF). Até o momento, o Ministério da Defesa de Taiwan e a China não fizeram comentários incisivos sobre a travessia, apesar da postura cautelosa mantida pela China.
A resposta oficial de Pequim veio na quinta-feira, quando o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, declarou que as forças armadas chinesas monitoraram a operação com base nas leis e regulamentos locais. Lin também instou o Japão a agir de forma cautelosa quanto à questão de Taiwan, alertando sobre possíveis repercussões nas relações entre os dois países e na estabilidade da região. Sobre a presença dos navios australianos e neozelandeses, Lin reafirmou que a China permanece vigilante contra qualquer ameaça à sua soberania.
A movimentação das embarcações da Austrália e da Nova Zelândia também foi tema de uma declaração da ministra da Defesa neozelandesa, Judith Collins. Segundo o jornal local The Post, Collins confirmou que o navio-tanque HMNZS Aotearoa (A11) acompanhou o destróier HMAS Sydney (DDG-42) da Austrália durante a passagem pelo estreito, mas ressaltou que a travessia foi uma movimentação rotineira e não direcionada a nenhum país específico.
Enquanto isso, o grupo de ataque do porta-aviões USS Theodore Roosevelt (CVN-71) fez uma breve parada em Guam na quarta-feira, antes de retomar sua missão no Oceano Pacífico. O grupo, que inclui os destróieres USS Russell (DDG-59) e USS Daniel Inouye (DDG-118), está realizando operações de reabastecimento e manutenção, segundo comunicado oficial da Marinha dos Estados Unidos.
Outras operações navais no Indo-Pacífico também estão em andamento. O navio de assalto anfíbio USS Boxer (LHD-4) participou de exercícios táticos com o destróier japonês JS Kongo (DDG-173) desde o último domingo até quarta-feira. Esses exercícios, que envolveram guerra de superfície e simulações de combate, evidenciam o fortalecimento das relações militares entre os EUA e o Japão.
Além disso, um exercício conjunto de recarga de sistemas de lançamento vertical de mísseis foi realizado entre navios da Marinha dos EUA, da Austrália e do Canadá. As atividades começaram em 19 de setembro e envolveram o destróier USS Dewey (DDG-105), o fragata canadense HMCS Vancouver (FFH331) e a fragata australiana HMAS Warramunga (FFH152). Esse exercício visa aprimorar a capacidade de resposta rápida no caso de um conflito emergente na região.
Com as tensões crescendo no Indo-Pacífico, os exercícios e movimentações navais de nações aliadas demonstram uma preparação e coordenação militar cada vez mais intensas, em especial nas áreas do Mar do Sul da China e do Estreito de Taiwan, regiões que se tornaram pontos-chave nas disputas geopolíticas atuais.