A 6ª Brigada de Infantaria Blindada, sediada em Santa Maria, promoveu um intercâmbio acadêmico com instituições locais de ensino superior. No dia 26 de setembro, cerca de 50 alunos e professores de diferentes cursos e faculdades visitaram as instalações do Quartel-General da Brigada Niederauer e do Campo de Instrução de Santa Maria.
Participaram do intercâmbio alunos do curso de Direito da Universidade Luterana do Brasil e da Faculdade de Ciências Jurídicas de Santa Maria, do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria e do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana.
Durante as atividades, os visitantes aprenderam sobre as particularidades da profissão militar, assistiram a uma palestra do comandante da 6ª Bda Inf Bld, general Marcus Augusto Bastos Neuvald, e conheceram o estúdio da Rádio Verde Oliva e o Espaço Cultural Niederauer, que guarda a memória do patrono da Unidade.
Os universitários embarcaram em viaturas operacionais blindadas sobre lagartas M113 e sobre rodas Guarani e se deslocaram para o Campo de Instrução de Santa Maria.
Lá, assistiram a uma demonstração de ataque feita por uma Força-Tarefa Blindada, realizada pelo 29º Batalhão de Infantaria Blindado.
Participaram da operação de ataque 105 cadetes do 4º ano da Academia Militar das Agulhas Negras, que passaram quatro dias em Santa Maria recebendo instruções sobre tropas blindadas.
PROFESSOR PERCEBEU A “ESTRATÉGIA DO EXÉRCITO”
O professor do Curso de Jornalismo da UFN, Iuri Lammel Marques, mencionou a importância da aproximação entre o Exército e a sociedade:
“É importante para os nossos alunos conhecerem o Exército. Por incrível que pareça, o cidadão geralmente não tem noção do tamanho que é.
“Eu, por exemplo, mesmo sendo de Santa Maria, não tinha noção do tamanho do Centro de Instrução, da estrutura, do tamanho dos movimentos que são feitos aqui durante os treinamentos…
“Esta é uma estratégia de comunicação interessante. Eu apoio a iniciativa e espero que tenha mais vezes nos próximos anos”, avaliou o professor.
O professor do Curso de Direito da ULBRA, Marcelo Mendes Arigony, “considerou fantástica” a experiência de acesso ao meio militar.
“Nesse mundo novo, às vezes o que mais importa é esse network, a conexão do aluno com a sociedade, com o mercado e todas as relações sociais.
“É realmente muito enriquecedor para todos. A gente fortalece a parceria com Exército e nos colocamos à disposição para desenvolvermos projetos e para estarmos mais juntos”.
A OPINIÃO DOS ALUNOS
A aluna de Relações Internacionais Alice Santana Almeida, 20 anos, descreveu sua experiência:
“Foi uma honra estar aqui com vocês, porque nas Relações Internacionais estudamos bastante sobre a guerra, inclusive o campo se desenvolveu sobre os estudos de guerra e paz.
“Então, estar aqui e presenciar tudo isso é uma oportunidade única e essencial não só para o Exército, mas para a academia continuar cultivando um relacionamento de transparência e de compartilhamento de informação”, relatou a estudante.
O OBJETIVO (NÃO EXPLÍCITO) DO INTERCÂMBIO
Segundo a matéria publicada no site do Exército brasileiro, a meta do intercâmbio teria sido atingida, isto é, a promoção da “integração [do Exército] com a sociedade“.
Além desse objetivo inicial, a mensagem ao final da reportagem indica que o intercâmbio também logrou êxito na disseminação de um campo de conhecimento mais abstrato, a cultura de Defesa:
“A demonstração operacional consolidou o objetivo da visita, proporcionando momentos de interação e fortalecimento de relações entre as universidades, o Exército e sua Academia Militar, colaborando para o desenvolvimento da cultura de Defesa Nacional.”
A CARTA DO ANTROPÓLOGO PIERO LEIRNER
Em março deste ano, o renomado antropólogo Piero Leirner, (assaz citado em publicações da Revista Sociedade Militar) professor da UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos) publicou juntamente com outros professores e pesquisadores, no site Brasil de Fato uma espécie de alerta.
O documento foi intitulado “Ao comandante supremo – A formulação da política de defesa deve ser responsabilidade do poder político para respeitar os interesses da sociedade”.
Nessa publicação, os autores alertam o presidente da República sobre os riscos de a política de Defesa Nacional estar nas mãos dos militares.
Os especialistas sugerem que as diretrizes da Defesa Nacional devem observar algumas prioridades, tais como:
- A supressão do conceito de “inimigo interno” nas formulações doutrinárias da Defesa Nacional. Em política, há adversários, não inimigos;
- Desativação de unidades militares sem relevância para a Defesa Nacional, cujos exemplos mais notórios são os “Tiro de Guerra”;
- Capacitação da Defesa Civil de forma a que as corporações militares se concentrem em sua missão precípua;
- A busca de efetiva autonomia na produção de armas, equipamentos e produtos essenciais à sociedade deve ter em vista a capacidade de dissuasão, jamais a ações provocativas. Entre outras…
Em síntese, o documento pede que a formulação da Defesa do Brasil deve ser de responsabilidade do poder político, “do contrário poderá ser reduzida ao reflexo de interesses corporativos não convergentes com os da sociedade”.
Cumpre ao militar subordinar-se ao civil, representado pelo poder político.