Em uma estratégia ambiciosa, a Agência Espacial Europeia (ESA) revelou o programa “Explore 2040”, com o objetivo de impulsionar a presença europeia na exploração espacial e estabelecer uma rota para enviar astronautas à lua e, futuramente, a Marte. Durante o Congresso Internacional de Astronáutica de 2024, realizado em Milão, Josef Aschbacher, diretor-geral da ESA, destacou a necessidade de aumentar as atividades espaciais europeias e tornar o continente um ator significativo na exploração espacial global.
O “Explore 2040” representa uma visão abrangente para o futuro da ESA e envolve, segundo Daniel Neuenschwander, diretor de exploração humana e robótica da ESA, uma série de iniciativas que vão desde a inovação em transporte e infraestrutura até a aceleração do ritmo dos programas espaciais. Com o apoio dos estados-membros, a ESA visa definir um plano estratégico de longo prazo com marcos importantes para consolidar a posição da Europa no cenário espacial.
No plano de curto prazo, a ESA busca garantir uma presença constante na órbita baixa da Terra (LEO), preparando o terreno para missões de exploração lunar e marciana. Segundo Neuenschwander, o objetivo é desenvolver um programa de carga para a LEO com capacidade de retorno, possibilitando que a Europa eventualmente conte com uma capacidade completa de voos espaciais tripulados.
A primeira meta do programa é realizar entregas e serviços de retorno de cargas para a Estação Espacial Internacional (ISS), conforme revelou a astronauta da ESA, Samantha Cristoforetti, durante o evento em Milão. Esse passo inicial ajudará a estabelecer uma base sólida para futuros voos espaciais e missões tripuladas.
Além disso, a ESA já está integrada ao programa lunar por meio do Módulo de Serviço Europeu, que faz parte da nave Orion da NASA. No entanto, a ESA pretende avançar ainda mais ao desenvolver o “Argonauta”, um módulo de pouso lunar que poderá transportar cargas de até 1,7 toneladas à superfície da lua, o que possibilitará operações lunares sustentáveis e uma cooperação internacional ampliada, como ressaltou o astronauta Alexander Gerst.
O horizonte a longo prazo da ESA também inclui missões para Marte, com planos para o lançamento de uma nave chamada LightShip. Essa nave deverá ser um rebocador elétrico para levar cargas e passageiros ao planeta vermelho, oferecendo, ainda, serviços de comunicação e navegação, além de transportar instrumentos científicos.
Parte desse plano de comunicação e suporte de infraestrutura está inserida no programa “Moonlight”, que deverá estabelecer uma rede de comunicações e navegação ao redor da lua. A ESA planeja várias missões menores de suporte lunar, dependendo das decisões que serão tomadas no próximo Conselho Ministerial, agendado para 2025, onde os estados-membros discutirão o comprometimento com as futuras etapas do projeto.
Para Marte, a ESA planeja a missão do rover Rosalind Franklin, que teve seu lançamento adiado, e também o orbitador de retorno de amostras em parceria com a NASA. A possibilidade de realizar missões de prospecção lunar, um acampamento remoto e a evolução do módulo Argonauta também estão na pauta do Conselho Ministerial previsto para 2028.
As discussões da ESA sobre a estratégia de longo prazo, a “Estratégia ESA 2040”, ainda estão em desenvolvimento, com uma versão final esperada para dezembro de 2024, segundo Aschbacher. Este documento deverá detalhar as diretrizes e o compromisso que a ESA espera receber de seus 22 países membros para transformar em realidade suas ambiciosas metas espaciais.
Essas iniciativas buscam posicionar a ESA como uma agência de liderança no cenário espacial global, com missões que, além de explorar, também pretendem criar uma base para atividades de longo prazo na lua e em Marte, levando o conhecimento e a tecnologia europeus a um novo patamar na exploração do espaço.
Com informações de: Space