O conflito entre a Rússia e a Ucrânia continua a alimentar temores de uma escalada nuclear, com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky alertando o mundo para os riscos crescentes. Durante um discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, Zelensky declarou que a Rússia está planejando atacar as usinas nucleares da Ucrânia, ameaçando desconectá-las da rede de energia, o que pode provocar uma catástrofe de radiação que afetaria não só a Ucrânia, mas também países vizinhos. “Radiação não respeita fronteiras estatais”, destacou o líder ucraniano.
A Rússia, segundo Zelensky, estaria buscando maneiras alternativas de quebrar a resistência ucraniana após não conseguir vencer as forças do país no campo de batalha. O presidente russo, Vladimir Putin, em várias ocasiões, sinalizou que o uso de armas nucleares está em consideração, especialmente após ter diminuído os critérios para que seu país recorra a esse tipo de armamento, inclusive contra estados não nucleares que recebam apoio de potências nucleares.
Putin já havia afirmado que qualquer ataque ao território russo, mesmo por armas convencionais fornecidas por países aliados à Ucrânia, poderia ser visto como um motivo suficiente para uma resposta nuclear. A ameaça de Putin criou um ambiente de tensão, especialmente após pedidos de Zelensky para que o Ocidente fornecesse armas de longo alcance, como os mísseis ATACMS dos EUA e os Storm Shadows do Reino Unido, capazes de atingir o solo russo.
Com o maior arsenal nuclear do mundo, a Rússia possui aproximadamente 5.977 ogivas nucleares, de acordo com dados da Federação de Cientistas Americanos. Esse arsenal inclui cerca de 1.500 ogivas prestes a serem desmanteladas, e as restantes são armas estratégicas prontas para serem lançadas por meio de mísseis balísticos. Comparativamente, os Estados Unidos possuem 5.943 ogivas nucleares e a China, 350. Mesmo as menores dessas armas podem causar devastação inimaginável, com um poder destrutivo muito maior do que o das bombas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki.
Embora especialistas afirmem que a probabilidade de um ataque nuclear por parte da Rússia permaneça baixa, o fato de Putin ter ajustado suas políticas de uso nuclear para permitir ataques contra estados não nucleares cria uma situação instável. A questão das chamadas “linhas vermelhas” russas, que indicariam os limites antes que Moscou usasse armas nucleares, tem sido notoriamente vaga. O Ocidente já ultrapassou esses limites várias vezes, fornecendo tanques e aviões de combate à Ucrânia, sem que a Rússia tenha recorrido ao uso de seu arsenal nuclear.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que já dura desde fevereiro de 2022, é considerada o maior confronto entre Moscou e o Ocidente desde a crise dos mísseis em Cuba, em 1962, quando o mundo esteve à beira de um conflito nuclear. A constante menção de armas nucleares, por parte de Putin, trouxe à tona memórias daquela época sombria e mantém o mundo em alerta para o risco de uma nova tragédia nuclear.
Apesar das tensões, especialistas, como a pesquisadora Debalina Ghoshal, afirmam que as armas nucleares russas ainda são vistas mais como um meio de dissuasão do que de ataque real. Mesmo assim, as incertezas sobre os próximos passos do Kremlin deixam o cenário de guerra na Europa Oriental cada vez mais imprevisível e perigoso.
Putin já anunciou o envio de armas nucleares táticas para Belarus, um movimento que, embora não viole diretamente o Tratado de Não Proliferação Nuclear, tem sido interpretado como um desrespeito ao espírito do acordo. Países como a Índia, aliados históricos da Rússia, têm se manifestado contra o uso de armas nucleares, ressaltando que tal ação iria contra os princípios básicos da humanidade.
Até o momento, a comunidade internacional continua a acompanhar de perto os desdobramentos do conflito, ciente de que qualquer passo em falso pode desencadear uma catástrofe de proporções globais, com consequências que transcenderiam fronteiras e gerações.
Com informações de: Eurasiantimes