Outrora bastante criticado por militares da reserva em grupos de Whatsapp, o ministro da Defesa José Múcio Monteiro agora passou a ganhar elogios dessa ala, considerada a mais crítica das Forças Armadas ao governo Lula.
A mudança de postura teria acontecido após discurso do ministro em evento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) no último dia 8 de outubro. Na ocasião, o ministro criticou supostas questões ideológicas que estariam impedindo a compra de 36 obuseiros de uma empresa de Israel, vencedora de licitação do Exército em abril.
“A questão diplomática interfere na Defesa. Houve agora uma concorrência, uma licitação. Venceram os judeus, o povo de Israel, mas por questões da guerra, o Hamas, os grupos políticos, nós estamos com essa licitação pronta, mas por questões ideológicas não podemos aprovar”.
A compra foi vetada pelo presidente da República como forma de mostrar coerência às críticas feitas pelo Planalto ao avanço de Israel sobre nações como Líbano e Síria.
Outra fala celebrada foi sobre o “embaraço diplomático” com a Ucrânia.
“Quer ver um exemplo de embaraço diplomático? Nós temos uma munição aqui no Exército que não usamos. Alemanha quis comprar. Está lá, custa caro para manter essa munição. Fizemos um grande negócio. ‘Não vai. Porque, se não, o alemão vai mandar para a Ucrânia, e a Ucrânia vai usar contra a Rússia, e a Rússia vai mexer nos nossos acordos”.
As falas do ministro, no entanto, não afetaram a relação dele com o presidente. O próprio Lula relatou que recebeu uma ligação de Múcio “apavorado” após toda a repercussão na mídia do discurso na CNI.
Segundo Lula, a resposta dada ao chefe da Defesa foi a seguinte: “José Múcio, não se preocupe, aquilo que a gente falou já está falado, já foi explorado, esqueça, toca o barco para frente […] Você não vai perder um centímetro de importância comigo por causa disso”.
Nos últimos tempos, Lula tem discordado do PT em diversas questões. Uma delas é a trabalhista. Segundo o presidente, o partido ainda está dissociado da realidade.
“E nós, então, precisamos adequar o nosso discurso ao mundo do trabalho, que não é só a carteira profissional assinada. É o cara que quer trabalhar em home office, é o cara que quer ser um pequeno empreendedor, é o cara que quer ter um pequeno comércio, é o cara que quer trabalhar por conta própria”.