A Marinha dos Estados Unidos está sendo alvo de questionamentos sobre segurança e atendimentos médicos nos treinamentos. As indagações ganharam força principalmente após a morte de um recruta durante a semana dos Navy SEALs. Esta é uma força de operação especial que atua em ambientes aquáticos, terrestres e aéreos, sendo chamada justamente para realizar atividades em locais onde os oficiais regulares não foram treinados. Em sua grande maioria, atuam em operações secretas.
Segundo levantamentos, 3 mil pessoas estão ativas e operando como SEALs, podendo agir em cinco tipos de missões, por exemplo: além de operações que exigem táticas de guerrilha, ações contra o terrorismo, treinamento para cidadãos estrangeiros, ações diretas contra um exército inimigo e operações secretas, como reconhecimento especial. Neste caso, pesquisas são realizadas previamente, com levantamento de dados para a realização de operações de forma mais eficiente.
Como funciona o treinamento Navy SEALs
É um treinamento de alto grau de dificuldade na Marinha dos EUA, e apenas 25% dos candidatos conseguem finalizar. A primeira fase é chamada de demolição subaquática e inclui natação e corrida, totalizando sete meses de preparação. O condicionamento básico apresenta o maior índice de desistência, principalmente na fase de “afogamento”, na qual os candidatos vão para uma piscina de quase 3 metros e precisam nadar com as mãos e os pés amarrados.
Há também o condicionamento em água gelada. Outra fase importante, que ocasionou a morte do recruta, é a chamada semana do inferno. Nesse período, os candidatos dormem apenas quatro horas e treinam por cinco dias e cinco noites, realizando exercícios de alta intensidade.
Os candidatos recebem quatro refeições quentes por dia com o intuito de manter a temperatura corporal. Existem outras etapas, como o treinamento SCUBA, a fase de ataque de snipers, entre outras. Para aqueles que desejam seguir carreira, o treinamento continua por mais 30 semanas.
Morte do recruta
Um recruta morreu após completar a semana de treinamento dos Navy SEALs, em 2022. Embora a Marinha tenha anunciado que a causa da morte foi pneumonia, evidências apontaram que o curso BUD/S prega uma cultura na qual os profissionais em treinamento não podem pedir ajuda em caso de emergência. Além disso, fatores como a demanda clínica têm entrado no foco de preocupações, já que a quantidade de profissionais médicos recrutados é inferior ao necessário.
Em um relatório disponibilizado em outubro pelo Inspetor Geral do Departamento de Defesa, além de apontar melhorias nesses recrutamentos, foi determinado que a Marinha esclarecesse as vantagens da privação de sono e o motivo de ser usada como um dos requisitos. Segundo investigações, a privação de sono é uma técnica utilizada no treinamento; contudo, a Marinha não soube explicar quanto tempo os candidatos conseguem descansar.
O carro do recruta falecido foi analisado e encontrados estoques de medicamentos para melhorar o desempenho nas atividades. Contudo, como não foram realizados exames de sangue em Mullen, não se pode afirmar se ele fez uso das medicações ou se os remédios contribuíram para sua morte. Entre os medicamentos encontrados foram hormônios do crescimento e testosterona.
Possíveis mudanças na Marinha
De acordo com o portal Military, recrutas relataram algumas mudanças que ocorreram após a morte do recruta, como exames mais rigorosos, além de medicamentos preventivos e profiláticos no combate à pneumonia, por exemplo.
A Marinha também informou que serão realizados testes mais frequentes com o intuito de detectar recrutas que utilizam drogas para melhorar o desempenho nas atividades. Segundo levantamentos, entre o ano de 2023 e o início de 2024, já foram analisados mais de 1.800 candidatos. Nos testes, foram detectados 6 resultados positivos entre três recrutas e três tripulantes de embarcações.
Com a morte do recruta, a Marinha também informou que três oficiais receberam medidas de repreensão: o Capitão Brian Drechsler, o Capitão Bradley Geary e o Comandante Erik Ramey. A página Rolling Stone destacou que a Marinha também tinha a intenção de punir a junta médica que estava de plantão no dia do ocorrido; contudo, tanto o oficial médico quanto o oficial comandante se aposentaram no mês de junho.
Veja aqui o relatório na íntegra