A energia nuclear, considerada uma fonte limpa por não emitir gases poluentes, tem ganhado relevância global, especialmente entre as grandes potências detentoras de reservas de urânio. No centro dessa corrida, destacam-se os países do BRICS – Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul. Cada um desses países tem se posicionado de maneira estratégica no cenário da energia nuclear, contribuindo para a produção e exploração de urânio e avançando no desenvolvimento de tecnologias atômicas.
O Brasil, por exemplo, é visto como uma nação que domina a tecnologia nuclear, operando as usinas Angra 1 e Angra 2, além de reatores menores voltados para pesquisa. De acordo com Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Brasil possui uma infraestrutura avançada, que o posiciona entre os principais atores globais no setor nuclear. Ao mesmo tempo, a China, maior construtora de reatores nucleares do mundo, mantém uma liderança expressiva no uso de energia nuclear, consolidando sua posição na corrida pelo urânio.
Rússia, Índia e África do Sul lideram o avanço na produção e enriquecimento de Urânio
A China domina a construção de reatores, Rússia e Índia não ficam atrás. Especialistas como Jorge Mortean destacam que esses dois países têm níveis de desenvolvimento tão elevados quanto os chineses no que se refere ao uso da energia atômica. Ambos já realizaram testes com armamentos nucleares, demonstrando sua capacidade de produzir energia atômica e, eventualmente, armamentos nucleares. A África do Sul, por sua vez, é uma das principais nações do mundo em reservas de urânio, ocupando uma posição de destaque nesse quesito, segundo a Associação Nuclear Mundial.
A produção de energia nuclear nesses países tem como base a mineração e o enriquecimento de urânio, especialmente o urânio-235, que é considerado físsil e pode sustentar reações em cadeia, sendo amplamente utilizado para a geração de energia. Apesar disso, o processo de enriquecimento é complexo e demanda grandes quantidades de urânio-238, que não é naturalmente físsil. Para contornar essa limitação, os países do BRICS, com destaque para Rússia e China, têm investido fortemente em tecnologias avançadas de enriquecimento de urânio.
Cooperação nuclear do Irã com o BRICS em meio a tensões geopolíticas
Com a recente inclusão de novos membros no BRICS, como Egito, Arábia Saudita e o próprio Irã, surgem questionamentos sobre a possibilidade de cooperação entre o Irã e os demais países do bloco no setor nuclear. O Irã, que possui um programa nuclear envolto em tensões geopolíticas com os Estados Unidos, tem no urânio enriquecido seu principal trunfo. No entanto, apesar de o Irã enfrentar sanções e resistência internacional, especialistas como Mortean acreditam que a cooperação nuclear com países do BRICS, como Rússia, é possível.
Complexa relação entre a Rússia, o Irã e os países do BRICS no cenário nuclear
A Rússia, em particular, já desempenhou um papel fundamental na restauração das usinas nucleares iranianas após a guerra entre Irã e Iraque nos anos 1990. No entanto, a cooperação entre o Irã e outros países do BRICS pode ser limitada devido à pressão dos Estados Unidos e da União Europeia. Uma parceria mais ampla no setor nuclear poderia ser vista como uma validação do desenvolvimento nuclear iraniano, levantando preocupações sobre os possíveis objetivos não pacíficos do país. Essa possível colaboração nuclear envolve uma série de complexidades geopolíticas e tecnológicas, e é observada com cautela pelos outros membros do BRICS que buscam manter boas relações diplomáticas com os EUA.