Quando o assunto é espaço, a China está sempre superando as expectativas e se consolidando como uma das maiores potências do setor. No começo deste ano, o país recuperou amostras de solo e rocha do lado distante da Lua. Em 2021, a China pousou com segurança uma espaçonave em Marte em sua primeira tentativa e lançou um rover, tornando-se apenas a segunda nação conquistar esse feito. A gigante asiática ainda operou uma estação espacial continuamente tripulada que abriga experimentos envolvendo microgravidade e raios cósmicos. Isso sem falar na enorme frota de satélites científicos observando o Sol, as ondas gravitacionais e capturando raios-x de buracos negros.
Mas a China não vai parar por aí e nesta semana o país anunciou um plano ambicioso que pode elevar seu status, até 2050, para a maior potência mundial em ciência espacial. O vice-presidente da Academia Chinesa de Ciências (CAS), Ding Chibiao, disse, durante uma coletiva de imprensa sobre o plano em Pequim, que foram feitos muitos avanços, mas que “ainda não temos um grande número de conquistas , especialmente em comparação com as nações desenvolvidas.”
O grande plano chinês
De acordo com a Revista Science, o grande plano chinês revelado no último dia 15 de outubro inclui um roteiro de médio a longo prazo com diversas ações, entre elas o estabelecimento definitivo de uma base de pesquisa na Lua, o envio de amostras da atmosfera de Vênus para a Terra e o lançamento de mais de 30 missões científicas espaciais até a metade do século.
O plano detalha um roteiro de três fases para os próximos 25 anos. No curto prazo, ele confirma projetos já em andamento, incluindo a operação contínua da estação espacial chinesa e mais sondas de Marte. Também em andamento está o Xuntian, o Telescópio Espacial de Pesquisa Chinês, um telescópio óptico de 2 metros que estudará exoplanetas, formação de estrelas e evolução de galáxias. Seu lançamento está previsto para 2026.
Durante a próxima fase, até 2035, o plano pede que a China envie pessoas à Lua e estabeleça uma estação de pesquisa. Ele também pede o lançamento de novos instrumentos de observação da Terra e o envio de uma espaçonave a Vênus para recolher uma lata de sua atmosfera e trazê-la de volta para os chineses.
Mais adiante, de 2036 a 2050, o plano é curto em detalhes, mas possui objetivos amplos que incluem estudar a origem e evolução do universo, ondas gravitacionais, radiação cósmica de alta energia, vida extraterrestre e vários aspectos do Sistema Solar. Os tópicos foram propostos pela comunidade de ciência espacial, explicou Yan Gong, um cosmologista do CAS National Astronomical Observatories que está trabalhando na missão Xuntian.
Cooperação com outros países
O anúncio do plano espacial chinês contou com diversas autoridades que foram unânimes em enfatizar que a China vê com bons olhos o envolvimento e cooperação de outras nações pela exploração espacial. Exemplo disso, segundo o diretor do Centro Nacional de Ciência Espacial da CAS, Wang Chi, é o Solar Wind Magnetosphere Ionosphere Link Explorer (SMILE), uma missão conjunta entre a CAS e a Agência Espacial Europeia (ESA), com lançamento previsto para o ano que vem.
O diretor destacou ainda que a China está constantemente ampliando o número de instrumentos científicos de outros países em seus satélites, e que cientistas estrangeiros fazem parte de muitas equipes de missão. “Continuaremos a fortalecer a cooperação em várias disciplinas”, disse Wang.