China e Rússia revelaram simultaneamente novos submarinos este mês, em um movimento que busca desafiar a influência naval dos Estados Unidos nas regiões do Pacífico e Ártico. A revelação ocorre em meio a tensões crescentes no Mar do Sul da China e a especulações sobre um possível conflito envolvendo Taiwan, o que destaca o fortalecimento militar das duas potências.
No início de outubro, imagens do submarino nuclear de ataque chinês Type 09IIIB surgiram nas redes sociais, evidenciando o avanço tecnológico naval do país. A nova embarcação, construída no estaleiro de Bohai, possui um design aerodinâmico e conta com sistemas de lançamento vertical e propulsor a jato, conforme relatado pela Naval News.
O Type 09IIIB faz parte do esforço contínuo da China para modernizar sua marinha. Desde 2022, o estaleiro Bohai lançou entre três e seis submarinos deste tipo, com previsão de substituição pela próxima geração, o Type 09V, nos próximos anos. A modernização sublinha a determinação chinesa em expandir sua presença no Pacífico em resposta às crescentes tensões regionais.
Enquanto isso, a Rússia também avançou em suas capacidades submarinas. O estaleiro Admiralty, em São Petersburgo, lançou o submarino “Yakutsk”, o sexto e último da classe Project 636.3 para a Frota do Pacífico russa. Esta série de submarinos, conhecida como Improved Kilo II, reforça as capacidades navais russas com sistemas avançados e mísseis Kalibr-PL.
A construção do “Yakutsk” foi concluída em 90%, e a embarcação passará por testes de fábrica antes de iniciar suas missões no final do ano. O lançamento marca o término de um contrato de seis submarinos assinado em 2016, fortalecendo as operações navais da Rússia no leste do país, incluindo a região do Ártico, rica em recursos naturais.
Esses avanços submarinos de China e Rússia não são meros sinais de modernização, mas movimentos estratégicos para desafiar a supremacia naval dos EUA em áreas críticas. Um relatório da Naval Association of Canada destaca que a frota submarina chinesa se tornou um pilar central da estratégia naval do país no Pacífico, focando em projeção de poder e controle marítimo.
Por sua vez, o papel da frota submarina da Rússia no Pacífico é descrito como essencial para sua postura estratégica, particularmente com submarinos nucleares avançados, como o Borei e o Yasen. Esses submarinos desempenham funções múltiplas, incluindo dissuasão nuclear e projeção de poder nas águas do Pacífico e Ártico.
Ambos os países compartilham interesses estratégicos em áreas marítimas disputadas, como o Estreito de Taiwan, para a China, e o Ártico, para a Rússia. A colaboração entre suas marinhas, incluindo exercícios conjuntos, fortalece sua capacidade de controle nessas regiões e aumenta seu alcance além de suas águas territoriais.
No entanto, apesar do aumento da cooperação naval, China e Rússia ainda resistem a formar uma aliança formal. Teme-se que uma maior proximidade possa comprometer a autonomia estratégica de ambos os lados. Além disso, preocupações russas sobre a possibilidade de a China copiar sua tecnologia militar dificultam uma cooperação mais profunda.
Especialistas observam que, embora a parceria entre os dois países tenha avançado em áreas estratégicas, como o desenvolvimento conjunto do submarino Type 096, a cautela permanece. A Rússia, em particular, teme perder terreno em termos de vendas de armamentos e liderança tecnológica para a China.
Com essas revelações navais recentes, China e Rússia continuam a trilhar um caminho de colaboração cuidadosa, buscando equilibrar seus interesses comuns enquanto mantêm suas respectivas independências estratégicas.
Com informações de: Asiatimes