A China, por meio da Sinopec (China Petroleum & Chemical Corporation), lançou um dos projetos mais ambiciosos na área de energia sustentável: a Planta Piloto de Hidrogênio Verde em Kuqa, na Região Autônoma de Xinjiang. Este marco representa o maior projeto de hidrogênio movido a energia solar do mundo, e também o primeiro do gênero no país. A proposta é transformar a produção de energia no país utilizando eletrólise alimentada por energia solar, gerando hidrogênio sem a emissão de carbono.
O projeto tem como meta produzir 20 mil toneladas anuais de hidrogênio verde, o que pode representar uma economia considerável na emissão de gases de efeito estufa. O hidrogênio gerado será utilizado na refinaria e no complexo químico Tahe, também controlados pela Sinopec, substituindo o uso de combustíveis fósseis e reduzindo em cerca de 485 mil toneladas a emissão de carbono por ano.
No entanto, apesar da promessa de um futuro mais sustentável, o projeto enfrenta grandes obstáculos técnicos. Até o momento, os eletrolisadores, que são responsáveis pela separação de água em hidrogênio e oxigênio, estão funcionando com apenas 20% da capacidade planejada. Esse desempenho insatisfatório é atribuído a problemas técnicos nos equipamentos fornecidos por empresas como Cockerill Jingli, Longi e Peric.
As dificuldades operacionais vão além dos eletrolisadores. A dependência da planta em 361 MW de energia solar, combinada com fontes adicionais de energia eólica, também não está entregando os níveis esperados de produção. Com esses obstáculos, a meta de produção anual de 20 mil toneladas de hidrogênio verde está longe de ser atingida.
Segundo a Sinopec, a planta já operou por mais de 4.200 horas, entregando mais de 22 milhões de metros cúbicos de hidrogênio verde à refinaria Tahe nos últimos seis meses. No entanto, isso representa apenas 20% da produção estimada, com pouco mais de 2 mil toneladas geradas até agora. A empresa prevê que as dificuldades técnicas só serão resolvidas até o final de 2025, adiando o alcance total da capacidade produtiva em mais de dois anos.
Outro ponto de preocupação é a infraestrutura existente na refinaria Tahe, que pode não estar preparada para receber e utilizar todo o hidrogênio gerado em Kuqa. Essa incerteza traz mais desafios para a plena implementação do projeto.
Mesmo com essas barreiras, o governo chinês continua a apoiar fortemente o desenvolvimento da energia hidrogênio, em alinhamento com os seus objetivos de transição para uma economia mais sustentável. Incentivos e subsídios têm sido destinados para fortalecer essa indústria, com o projeto em Kuqa sendo um exemplo do potencial da China nesse setor.
O sucesso deste projeto não apenas consolidaria a Sinopec como uma líder global em hidrogênio verde, mas também abriria caminho para novos investimentos e avanços tecnológicos no campo da energia sustentável. No entanto, os desafios enfrentados em Kuqa servem de alerta para a complexidade e as dificuldades inerentes à transição para uma economia baseada em energia limpa.
Apesar das dificuldades, o aprendizado adquirido a partir desse projeto pode ser crucial para o desenvolvimento futuro de iniciativas similares em outras partes do mundo. O hidrogênio verde, quando viável, tem o potencial de ser um pilar fundamental na construção de um futuro energético mais sustentável.
A Planta Piloto de Hidrogênio Verde da Sinopec em Kuqa representa, assim, tanto um vislumbre do futuro da energia quanto um reflexo dos desafios que o mundo enfrentará ao buscar alternativas aos combustíveis fósseis.
Com informações de: Ecoticias