O Brasil planeja investir 57,2 bilhões de reais (10,6 bilhões de dólares) em pesquisa, desenvolvimento e aquisição de equipamentos para suas Forças Armadas, o que inclui quase dobrar o tamanho de sua frota de caças Gripen e financiar projetos do fabricante aeronáutico local Embraer para aviões de reabastecimento aéreo, segundo anunciou o governo no início deste mês. Força Aérea
A medida, revelada em 11 de agosto, faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento, ou PAC, estabelecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PAC guiou os programas durante seus dois primeiros mandatos, que duraram de 2002 a 2010, e agora há planos para que a iniciativa global gaste 1,7 trilhões de reais, com a defesa como uma área-chave de atenção.
“Equipar as Forças Armadas com tecnologias de ponta, aumentar a capacidade de defesa nacional e vigiar as fronteiras são algumas das diretrizes do Novo PAC”, segundo o site do governo.
O governo pretende investir 27,8 bilhões de reais até 2026, e outros 25 bilhões depois desse período, sem um prazo concreto.
O PAC não requer a aprovação do poder legislativo, já que é um programa de investimento federal financiado com recursos do governo, contribuições dos estados e do setor privado por meio de concessões.
No entanto, existem alguns obstáculos, como processos burocráticos e incertezas jurídicas para obras públicas. No que se refere à defesa, que dependerá quase exclusivamente de fundos públicos, o governo poderá enfrentar desafios financeiros, segundo Cristiano Noronha, vice-presidente da Arko Advice, uma consultoria de Brasília focada em inteligência e análise política.
“O [poder] executivo tem feito cortes orçamentários com frequência ao longo dos anos. Os investimentos dependerão da capacidade fiscal do governo, do controle dos gastos e do crescimento econômico”, disse ele ao Defense News, acrescentando que o programa poderia ser visto como uma “expressão de intenções”.
Força Aérea Brasileira recebe novo impulso com aquisição dos Gripen
Para a Força Aérea Brasileira, o plano implica a produção e aquisição de 34 caças F-39 Gripen, o que quase dobraria a frota do país. O Brasil assinou um contrato de 5,04 bilhões de dólares com o fabricante sueco Saab em 2014 para a compra de 36 caças Gripen, que seriam entregues em 2027. Em 2022, os signatários acrescentaram quatro caças adicionais ao contrato.
Dos 40 pedidos, o Brasil recebeu seis, com quatro em operação. O contrato estipulava que a montagem de 15 F-39E Gripens ocorreria na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto, no estado de São Paulo. O acordo também incluía um acordo de transferência de tecnologia entre os engenheiros brasileiros e a Saab. A linha de produção do caça foi inaugurada em maio de 2023.
“A renovação da [frota] de aviões de combate é um dos principais projetos da Força Aérea Brasileira contemplados no novo PAC, e está sendo realizada por meio da aquisição do caça Gripen”, disse o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro Filho. “É o avião de combate mais moderno da América Latina, o que permitirá ao Brasil aumentar significativamente sua capacidade de defesa aérea em consonância com as dimensões continentais do país.”
Expansão do C-390 Millennium e novas capacidades estratégicas
O ministro também destacou outro programa no PAC: a compra de nove aviões C-390 Millennium – inicialmente conhecidos como KC-390 – produzidos pela Embraer, juntamente com o desenvolvimento de uma versão de reabastecimento do modelo.
“Além de seu papel militar, o KC-390 pode ser usado em ações nacionais e internacionais de ajuda humanitária, como apoio a emergências públicas e combate a incêndios”, afirmou.
O site do governo também mencionou planos para converter dois aviões Airbus A330 em aviões aeromédicos e de reabastecimento aéreo.