A guerra na Ucrânia, que já envolve diversos países de forma direta ou indireta, ganhou um novo e preocupante ator: a Coreia do Norte. Há alegações de que Pyongyang está enviando tanto armas quanto tropas para apoiar o exército russo, embora as informações sobre a real dimensão dessa participação sejam conflitantes. O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, afirmou recentemente que seu governo está em coordenação com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para avaliar medidas de resposta diante desse envolvimento norte-coreano. O governo sul-coreano declarou que a Coreia do Norte está fornecendo não apenas armamento para a Rússia, mas também enviando soldados para lutar nos territórios ocupados pelos russos. Segundo Seul, até 12 mil soldados norte-coreanos podem ser mobilizados para essa finalidade, embora essas informações ainda não tenham sido confirmadas pela Otan ou pelos EUA.
A Ucrânia divulgou recentemente um vídeo que supostamente mostra recrutas norte-coreanos sendo equipados com armamentos russos, o que aumentou as especulações sobre a extensão da aliança militar entre Moscou e Pyongyang. Esse alinhamento, de acordo com o presidente Yoon, demonstra uma clara conexão entre as regiões do Indo-Pacífico e do Atlântico, reforçando a tese de que a segurança global está cada vez mais interligada.
Crescente aliança entre Coreia do Norte e Rússia na guerra da Ucrânia
A invasão da Ucrânia pela Rússia, portanto, não afeta apenas a Europa, mas também outras regiões estratégicas do mundo. Embora as alegações sobre o envio de tropas norte-coreanas ainda sejam contraditórias, alguns eventos recentes sugerem que o envolvimento de Pyongyang na guerra está se intensificando. Em outubro de 2023, Andriy Kovalenko, do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, afirmou que soldados norte-coreanos estavam supervisionando a munição fornecida aos russos na região ocupada de Donetsk.
Relatos e rumores sobre a presença de soldados norte-coreanos no conflito da Ucrânia
Relatos da mídia ucraniana indicam que até mesmo vítimas norte-coreanas já foram registradas no conflito, seis oficiais teriam sido mortos em um ataque de mísseis ucranianos em Donetsk. Além disso, há rumores de que o exército russo adquiriu um batalhão especial Buryat, que inclui soldados norte-coreanos. No entanto, até o momento, o Kremlin não confirmou oficialmente a participação militar da Coreia do Norte, limitando-se a declarar que há uma cooperação estratégica entre os dois países, reforçada por um pacto de defesa assinado em junho de 2024.
Interesses estratégicos e limitações da aliança entre Coreia do Norte e Rússia
Para o professor Andrei Lankov, especialista em História e Relações Internacionais da Universidade Kookmin, em Seul, a participação norte-coreana é uma manobra plausível para ambos os países. Do ponto de vista russo, o envio de tropas estrangeiras ajudaria a evitar um alistamento em massa na Rússia, que poderia prejudicar o apoio popular à guerra. Para a Coreia do Norte, além de compensação financeira, o principal interesse estaria em receber tecnologia avançada da Rússia, algo que Pyongyang não conseguiu obter por outros meios.
A experiência militar adquirida nesse conflito também seria valiosa para o regime de Kim Jong-un, visto que a guerra na Ucrânia envolve um confronto moderno entre duas potências militares. Entretanto, Lankov acredita que essa cooperação não será duradoura. Após o fim das hostilidades na Ucrânia, as diferenças entre os dois países devem prevalecer, e a aliança tende a se enfraquecer.