O Ministério da Defesa e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio do Observatório Nacional da Indústria, celebraram parceria estratégica para utilizar inteligência baseada em dados e evidências. O objetivo é fortalecer a agenda de Defesa e identificar oportunidades para a Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS) no mercado nacional e internacional.
O acordo de cooperação, que tem vigência de seis anos, foi assinado nesta terça-feira (8), pelo Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Em seu discurso, José Múcio criticou o fato de o Brasil ter criado “embaraços diplomáticos” ao se recusar a fazer negócios na área de Defesa por “questões ideológicas”.
A declaração se refere ao recente impasse comercial envolvendo Brasil, Israel e Alemanha, sobre o qual publicamos um artigo na Revista Sociedade Militar.
Logo após o governo de Benjamin Netanyahu declarar o presidente Lula (PT) como persona non grata, o governo brasileiro barrou a venda de maquinário de até 1 bilhão de reais para Israel.
Múcio disse que a “questão diplomática interfere na defesa”:
“Houve uma licitação. Venceram os judeus, o povo de Israel, mas, por questão de guerra, do Hamas, grupos políticos, nós estamos com essa licitação pronta, mas, por questões ideológicas, nós não pudemos aprovar”, explicou o ministro.
O ministro citou ainda uma possível compra de parte da munição do Exército brasileiro pela Alemanha, que também estacionou.
“Nós temos uma munição aqui no Exército que não usamos. Alemanha quis comprar. Está lá, custa caro para manter essa munição. Fizemos um grande negócio. Não vai. Porque, se não, o alemão vai mandar para a Ucrânia, e a Ucrânia vai usar contra a Rússia, e a Rússia vai mexer nos nossos acordos”, declarou o Ministro.
MUCIO SOLTA UM “DEIXA PRA LÁ”
Porém, além das óbvias reclamações sobre como a política interfere nos negócios da Defesa, Mucio aproveitou não só para atacar a ideologia e a diplomacia do governo, como também para defender a ideologia dos oficiais generais.
Em certa parte do discurso ele diz que “se muita gente debita às Forças Armadas o golpe de ’64, precisava ter creditado às Forças Armadas não ter havido golpe em 2023.”
Durante meses, em 2022, vários quartéis das Forças Armadas toleraram milhares de manifestantes que reivindicavam intervenção militar antes da transição presidencial. Naquela oportunidade, nenhum comandante de unidade ou de Força proibiu as manifestações.
Mas, na visão do ministro da Defesa, “foram as Forças Armadas que preservaram e asseguraram a nossa democracia”