A Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou, na sexta-feira, explosivos militares dentro de dois carros abandonados em Santa Cruz, Zona Oeste. O material apreendido, blocos de TNT prensado fabricados pela Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL), foi identificado como parte de um lote fornecido ao Exército Brasileiro em 2009 e 2010.
De acordo com o jornal O Globo, os explosivos, conhecidos como petardos MD1, foram fabricados para uso em demolições e destruições militares. Parte desse lote, destinado ao Exército, foi parar nas mãos da quadrilha de Gilson Ingrácio de Souza Junior, o Juninho Varão, que pretendia usá-los em ataques contra milícias rivais. Segundo a IMBEL, o lote apreendido é o L.001/10, enquanto outro, de número MB 05/09, também foi recuperado no local.
CML nega desvio
O Comando Militar do Leste (CML) foi rápido ao se posicionar. Em nota, afirmou que “não teve acesso ao material apreendido e não foi formalmente notificado”. Mais enfático, o órgão garantiu que não há qualquer indício de desvio de explosivos sob sua guarda. Ainda assim, deixou claro que está disposto a colaborar com as investigações.
Além dos explosivos, foram encontrados 11 carregadores de fuzil, munições e seis galões de gasolina, que, segundo a polícia, poderiam ser usados para fabricar coquetéis molotov ou intensificar explosões. O cenário reforça a complexidade das disputas de poder na região, especialmente após a execução de Jacão, antigo chefe local, que teria sido morto por ordens de Paulo David Guimarães Ferraz da Silva, o Naval.
A origem dos explosivos já preocupa as autoridades, que investigam como um material militar exclusivo chegou às mãos do crime organizado.