Em meio às crises políticas e ao cenário de guerra, o Líbano tem estado nos holofotes do mundo, principalmente após a luta de Israel contra o grupo Hezbollah, que tem bombardeado Israel desde 2023, em apoio aos terroristas do Hamas. Com mais de 5 milhões de habitantes, o país conta atualmente com 21 mil brasileiros. A área de Beirute, no sul do Líbano, vem sentindo na pele o conflito direto; por isso, um avião da FAB—Força Aérea Brasileira—vai buscar os brasileiros nos próximos dias.
A determinação de repatriação é do presidente Lula, segundo o portal Agência Brasil. Contudo, uma estratégia está sendo criada para que o processo seja feito com o máximo de segurança possível. A união do Ministério da Defesa e do Itamaraty planeja que a aeronave deva pousar no próprio aeroporto de Beirute. Além disso, é importante destacar a parceria da Embaixada no Líbano para que a operação seja bem-sucedida. O que se sabe até o momento é que dois brasileiros foram mortos durante o conflito, entre eles uma adolescente de 16 anos que teria retornado ao local de onde havia fugido para pegar alguns pertences.
Segundo esclarecimentos, o pai da adolescente também foi morto no local. No dia 25, quarta-feira, outro adolescente brasileiro morreu nos bombardeios; o pai, de nacionalidade paraguaia, também foi atingido no conflito. Em Nova York, durante coletiva de imprensa, o presidente Lula repudiou os atos de violência e declarou: “É o maior número de mortos desde a guerra civil que durou entre 1975 e 1990. É importante lembrar também que morreram 94 mulheres e 50 crianças, 2.058 pessoas feridas e 10 mil pessoas forçadas a recuar e esvaziar suas casas.”
Fonte: Portal Agência Brasil
Número de brasileiros e pedidos de ajuda
Atualmente, cerca de 3 mil brasileiros já pediram ajuda para sair do país. Inicialmente, o Palácio do Planalto avaliava a hipótese de repatriar 2 mil pessoas; entretanto, o número de brasileiros que desejam sair do Líbano aumentou consideravelmente.
O processo segue aberto, e quem desejar ser repatriado pode entrar em contato com o Itamaraty pelos números:
- Sala de operações do Sul do Líbano: 07753684
- Sala de operações de Baalbeck Hermel: 08371479
- Sala de operações de Nabatiyyeh: 07769002
- Sala de operações do Bekaa: 08803905
Levando em conta todos os pedidos, será necessária uma operação em larga escala, fato similar ao que aconteceu em 2006, equiparando-se também ao número de brasileiros que saíram do país. Antes da oferta de ajuda, a orientação era que os brasileiros tentassem sair por conta própria, caso conseguissem. Entretanto, a situação mudou após o aumento no número de pedidos de ajuda.
Vale lembrar que há a possibilidade de os brasileiros saírem por terra. A embaixada, na pessoa de Mauro Vieira, fez um pedido para que a Síria permitisse comboios de brasileiros. A conversa aconteceu após a Assembleia Geral da ONU, mas não há mais informações sobre o assunto. Rotas terrestres estão sendo estudadas, sendo elas: Latakia e Damasco, ambas com aeroportos que podem ser usadas nas operações para voos diretos ao Brasil.
Crise e Conflito no Líbano
Além da crise econômica, o país vive uma crise política, já que conta com um sistema político em que grupos religiosos se mantêm no poder. Inicialmente, esse sistema foi estabelecido com o intuito de diminuir as divergências entre os poderes operantes. O parlamento deve contar com cristãos, muçulmanos sunitas e xiitas, sendo estes últimos compostos pelo primeiro-ministro e presidente do parlamento. Contudo, desde 2022, o país não consegue inserir um presidente e vive em constante divergência.
Os problemas econômicos, que se fortaleceram em 2019, juntamente com a explosão do porto de Beirute um ano depois, contribuíram diretamente para o aumento do caos na região. O Hezbollah tem atuação desde os anos 80 e é considerado por Israel, União Europeia e Estados Unidos como um grupo terrorista; o grupo é apoiado pelo Irã e é totalmente contrário à presença de Israel no sul do Líbano, em um conflito que dura desde os anos 70.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, destacou que vai transportar os moradores que estão na fronteira, com o retorno sendo para o norte do país. Contudo, em meio ao caos, o governo garante que será necessária uma ação militar para que isso possa ser efetuado. Neste ano, 500 pessoas morreram após bombardeios de Israel em várias áreas do Líbano, momento considerado mais violento após a guerra de 2006, que durou 34 dias. O conflito foi iniciado após dois soldados israelenses serem sequestrados pelo grupo extremista Hezbollah.
Sobre toda a situação, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, se posicionou e destacou a necessidade de intervenção, para não permitir que o Líbano se torne outra faixa de Gaza. Vale lembrar que a parte sul do Líbano, onde estão acontecendo a maior parte dos conflitos, é de difícil acesso por ser uma região montanhosa, o que torna mais complicada a ação dos militares.