Na última segunda-feira, 30 de setembro, as forças armadas de Israel lançou uma grande ofensiva terrestre no sul do Líbano, uma operação que vem sendo planejada e executada com grande cautela. Com alvos bem definidos, o objetivo principal é enfraquecer o Hezbollah, a maior organização armada não estatal do mundo, composta por mais de 100 mil combatentes fortemente armados, em sua maioria apoiados pelo Irã. Neste artigo, vamos detalhar os eventos que levaram a essa incursão, os objetivos de Israel e o impacto no cenário geopolítico da região.
O Início da operação pelas forças armadas
A invasão israelense começou por volta das 19 horas (horário local) com um massivo bombardeio de artilharia sobre diversas posições no sul do Líbano. As forças aéreas de Israel também intensificaram os ataques mais ao norte, incluindo áreas próximas à capital, Beirute. Esses bombardeios iniciais visaram a destruir o máximo de posições do Hezbollah antes da entrada terrestre das tropas.
Pouco depois, cerca de 20 horas, as forças terrestres israelenses, com milhares de soldados e centenas de veículos blindados, começaram a atravessar a fronteira libanesa. O avanço foi facilitado pela retirada do exército libanês e das forças de paz da ONU (UNIFIL), deixando o campo livre para o ataque às posições do Hezbollah.
Alvos e estratégia de Israel
É importante destacar que Israel não está em guerra com o governo libanês ou com o exército do país. O alvo direto da incursão são as forças do Hezbollah, um grupo considerado um dos maiores desafios militares de Israel na região. Esse grupo armado tem recebido apoio financeiro e material do Irã, além de treinamento militar avançado, o que o transformou em uma força de combate eficaz. Muitos de seus combatentes ganharam experiência no campo de batalha durante a guerra civil síria, onde lutaram ao lado do regime de Bashar al-Assad.
Segundo fontes militares israelenses, o plano atual envolve uma operação limitada ao sul do Líbano, com a mobilização de aproximadamente 50 a 60 mil soldados. A estratégia inclui o uso de tropas aerotransportadas para bloquear a chegada de reforços do Hezbollah e cercar suas forças na linha de frente. Ao fazer isso, Israel busca destruir o maior número possível de unidades inimigas e consolidar o controle de áreas estratégicas próximas à fronteira.
Por que agora?
A invasão terrestre parece ser o culminar de uma série de ações israelenses direcionadas ao Hezbollah. Antes da invasão, Israel executou operações de sabotagem, como a detonação remota de dispositivos de comunicação usados pelos comandantes do Hezbollah, o que teria deixado milhares de combatentes desorientados. Além disso, ataques de precisão eliminaram líderes importantes da organização, incluindo o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, que foi morto em um bombardeio ao quartel-general do grupo em Beirute.
Com essas ações, Israel enfraqueceu significativamente a capacidade de comando e controle do Hezbollah, criando uma oportunidade estratégica para avançar militarmente. O Hezbollah, mergulhado no caos, agora encontra dificuldades para coordenar suas tropas, o que torna este o momento ideal para a incursão israelense.
O objetivo final
O objetivo final de Israel com esta invasão é claro: desalojar o Hezbollah do sul do Líbano, uma área onde, segundo a Resolução 1701 da ONU de 2006, o grupo não deveria ter presença militar. Essa resolução, acordada entre Israel e Líbano após a guerra de 2006, proíbe a presença de armas e combatentes não governamentais ao sul do rio Litani. No entanto, o Hezbollah continuou a operar nessa área ao longo dos anos, acumulando uma vasta quantidade de armamentos e combatentes.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) planejam avançar até o rio Litani, eliminando as forças do Hezbollah presentes na região. Esse avanço é visto como a única maneira de permitir o retorno seguro de mais de 70 mil civis israelenses que foram forçados a deixar suas casas devido aos ataques com foguetes do Hezbollah.
Implicações Futuras para as Forças Armadas
Essa ofensiva pode ter amplas repercussões na estabilidade do Líbano e nas tensões já existentes no Oriente Médio. O Hezbollah, apesar de ter sofrido perdas significativas, ainda mantém uma forte presença no país e conta com o apoio contínuo do Irã. No entanto, se Israel for bem-sucedido em enfraquecer substancialmente o grupo, a dinâmica de poder no Líbano pode mudar, influenciando tanto a política interna quanto as relações regionais.
Ao longo dos próximos dias e semanas, o desenrolar dessa operação será crucial para definir os rumos do conflito. O sucesso da ofensiva israelense pode estabelecer um novo equilíbrio de forças na região, mas também há o risco de uma escalada militar maior envolvendo outros atores, como o Irã e a Síria, que historicamente apoiam o Hezbollah.