Em uma demonstração esmagadora de consenso internacional, a Assembleia Geral da ONU votou mais uma vez pela condenação do embargo econômico dos Estados Unidos contra Cuba. Com 187 votos a favor, apenas dois contra e uma abstenção, a resolução não vinculativa iguala o recorde de apoio à nação caribenha alcançado em 2019 e 2023.
Críticas ao governo Biden e esperança de mudança
O ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodriguez, aproveitou a oportunidade para criticar duramente a administração Biden. De acordo com Rodriguez, a “política de pressão máxima” dos EUA é responsável pelos recentes apagões generalizados em Cuba, inclusive durante a passagem do furacão Oscar. O Ministro questionou a alegação de Washington de que sua política visa “ajudar e apoiar o povo cubano”.
Cuba enfrenta atualmente uma das piores crises econômicas e energéticas de sua história. O país luta contra escassez de alimentos, inflação e ondas de apagões, levando à migração em massa de seus cidadãos. Rodriguez afirmou que, sob a presidência de Biden, Cuba perdeu mais de US$ 16 bilhões. Além disso, enfatizou que as medidas anunciadas como “supostos paliativos” ao embargo não são eficazes.
Posição dos Estados Unidos e justificativas
Paul Folmsbee, vice-embaixador dos EUA, defendeu a posição de seu país. Folmsbee argumentou que as sanções fazem parte de um esforço mais amplo para “avançar a democracia e promover o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais em Cuba”. Além disso, o vice-embaixador destacou que as sanções isentam alimentos, remédios e outros bens básicos, citando a exportação de quase US$ 336 milhões em produtos agrícolas no último ano.
Com as eleições presidenciais dos EUA se aproximando, Rodriguez expressou esperança de que um novo presidente possa encerrar o embargo. O Ministro afirmou que Cuba está disposta a “manter um diálogo sério e responsável e avançar em direção a um relacionamento construtivo e civilizado” com o novo governo dos EUA, ao mesmo tempo em que defende seu “direito de construir um futuro independente e socialista”.
Reações internacionais e consequências políticas
A votação teve repercussões imediatas em alguns países. Na Argentina, o presidente Javier Milei demitiu a ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, após o país votar a favor da resolução. A ação se deu pois a ministra contrariou os aliados argentinos Israel e EUA. Este incidente destaca as complexidades diplomáticas e as pressões políticas envolvidas nesta questão de longa data.
O resultado da votação foi o seguinte
Os a favor: 187
Os contra: 2 (EUA e Israel)
Abstenções: 1 (Ucrânia)
Revista Sociedade Militar