O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou nessa terça-feira, 15/10, que em breve começará a ser implementado o Plano Ayacucho, uma estratégia que visa transformar estruturalmente as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas.
“Quero que assumamos o Plano Ayacucho (2024-2030). É o plano de transformação estrutural, o plano estratégico com visão de longo prazo para consolidar um poder militar assombroso, que garanta o respeito da Venezuela e o pleno exercício da Constituição, em liberdade e independência”, disse o chefe de Estado durante um evento para transmissão comando de altos chefes militares.
A reestruturação terá início no dia 9 de dezembro, quando se comemoram os 200 anos da Batalha de Ayacucho, feito comandado pelo venezuelano Antonio José de Sucre, pela qual foi expulso o último exército espanhol na América do Sul, e a independência do Peru e da atual Bolívia.
Maduro anunciou mudanças no Estado-Maior General das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas.
“Estabeleci uma data de início e uma data de resultados e balanços: o Plano Ayacucho deve nos levar ao aumento do nosso poder militar, mês [a mês] e ano a ano […], de 9 de dezembro de 2024 […] a 17 de dezembro de 2030, quando serão comemorados 200 anos da morte do Libertador Simón Bolívar”, especificou.
Anteriormente Maduro ordenara aos oficiais superiores que “ajustassem, alinhassem e colocassem no local correto e protegido todo o equipamento militar para a defesa do país”.
“Todos têm que funcionar, todos têm que ser recuperados, todos têm que estar em posição de combate permanente e protegidos […]. Mísseis, canhões lubrificados, 24 horas por dia sempre, porque vamos fazer a Venezuela respeitado e nunca nenhum império poderá nos ameaçar e muito menos tocar o solo sagrado do país”, observou.
INDÚSTRIA INCIPIENTE E LOGÍSTICA LIMITADA
Matéria da Revista Sociedade Militar de janeiro deste ano mostrou que a Venezuela é fonte de inquietação dos políticos brasileiros, mas não dos altos oficiais das nossas Forças Armadas.
O Requerimento de Informação nº 2993/2023, enviado pela Câmara dos Deputados, expressou preocupações sobre a capacidade do Brasil de defender seu território, questionando o Ministério da Defesa sobre estratégias para garantir a inviolabilidade nacional.
O Ministério da Defesa, guiado pelas avaliações dos estados maiores do Exército, Marinha e Aeronáutica, forneceu um panorama detalhado da situação militar na Venezuela em uma nota oficial à Câmara dos Deputados.
O documento, extenso, assinado pelo Vice-Almirante André Luiz de Andrade Felix, enfatiza a percepção de baixa disponibilidade de equipamentos e capacidade logística limitada das Forças Armadas e da Guarda Nacional Bolivariana da Venezuela, concluindo que elas não representam uma ameaça direta à integridade do território brasileiro e que são capazes apenas de assegurar a permanência do regime de Nicolás Maduro.
O Ministério destacou que há desafios econômicos que limitam as possibilidades logísticas da Venezuela, diz que há níveis de níveis de treinamento com restrição e que o equipamento militar venezuelano, em grande parte proveniente da China e Rússia, é relativamente moderno.
Entretanto, a indústria de defesa venezuelana é incipiente em comparação com o Brasil, dominada por pequenas empresas estatais que se dedicam a produção de armamentos leves e munições.
Pelo que parece, o presidente venezuelano está ciente dessas limitações, e está tratando de erradicá-las o mais rápido possível.