O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso, confirmou que houve momentos de grande preocupação de golpe de Estado no Brasil devido ao aumento da retórica autoritária e de ataques a instituições.
A declaração foi dada à coluna Platô, da Revista Isto É, divulgada nesta sexta-feira,18 de outubro.
Barroso destacou que as investigações em andamento atestam para essa tentativa de dissolução da democracia, mas que ainda assim é preciso esperar o fim da coleta de provas e o encerramento das apurações. Nesse contexto, o ministro enfatizou a importância da integridade da maior parte do Exército, Marinha e Aeronáutica.
“Na minha avaliação, o comprometimento das Forças Armadas com a Constituição, na hora decisiva, foi fundamental para que não tivéssemos uma ruptura no Brasil”.
No entanto, Barroso acredita que o problema do extremismo segue presente no país e em outras sociedade democráticas, trazendo com ele intolerância e violência.
“Isso nós precisamos enfrentar. O mundo das redes sociais e aplicativos de mensagens facilitou muito a circulação da desinformação, do ódio e da não aceitação do diferente. Nós precisamos resgatar a civilidade no Brasil e fazer com que as pessoas voltem a se tratar com respeito e consideração, mesmo na divergência. A democracia tem lugar para liberais, conservadores e progressistas. Só não há espaço para quem não aceite as regras do jogo”.
Barroso revelou também que todos os ministros do STF foram ameaçados e tiveram que ampliar e reforçar sua segurança. E que apesar do ponto de vista físico, o STF ter se recomposto em 3 semanas após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, “alguma coisa mudou muito para pior após 2018”.
“Eu gosto de lembrar que fui à final da Copa do Mundo de 2014, no Maracanã, com minha mulher e meus filhos, sem qualquer tipo de segurança. Na abertura das Olimpíadas, em 2016, também no Rio, fomos Teori, eu e meu filho, igualmente sem segurança. Hoje em dia isso se tornou impensável. Alguma coisa aconteceu no Brasil que extraiu o pior das pessoas”.
Teori Zavascki era ministro do STF e relator dos processos da operação Lava Jato. Ele morreu em acidente aéreo em 19 de janeiro de 2017.
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