Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, a expectativa de uma vitória rápida desmoronou diante de um conflito prolongado. O presidente Vladimir Putin inicialmente previu a queda da Ucrânia em poucas semanas, mas mais de dois anos depois, o cenário está longe do esperado. As forças russas enfrentam agora uma guerra de trincheiras, com pesadas perdas humanas e materiais.
De acordo com dados do Ministério da Defesa ucraniano, a Rússia já perdeu aproximadamente 585.000 soldados até agosto de 2024. Essas cifras são corroboradas por órgãos internacionais como o Ministério da Defesa britânico, que relatam números semelhantes. Esse elevado número de baixas tem imposto um grande desafio à manutenção da força militar russa, que começou o conflito com cerca de 360.000 soldados.
A resposta do governo russo a essas perdas tem sido o aumento massivo no recrutamento militar. Entre 2023 e 2024, a Rússia recrutou quase meio milhão de novos soldados, muitos deles provenientes de regiões mais pobres e etnicamente diversas, como a Buriácia. Essas regiões têm sofrido um impacto desproporcional na guerra, com as minorias étnicas sendo fortemente representadas nas baixas.
Além das perdas humanas, a economia russa também está sentindo os efeitos da guerra prolongada. Desde o início do conflito, o orçamento militar da Rússia quase dobrou, chegando a cerca de 140 bilhões de dólares em 2024, representando um terço do orçamento do governo. No entanto, apesar desse investimento massivo, a capacidade da Rússia de sustentar o esforço bélico a longo prazo é cada vez mais questionada por especialistas.
O recrutamento em massa, combinado com o treinamento inadequado de muitos novos soldados, resultou em uma queda significativa na eficácia das operações militares russas. A campanha de verão de 2024 foi um exemplo claro disso, com as forças russas sofrendo baixas diárias de até 1.200 soldados. Isso levou a uma série de derrotas táticas no campo de batalha, à medida que a Ucrânia, com apoio militar ocidental, conseguiu avançar em várias frentes.
Enquanto a Rússia tenta contornar suas dificuldades militares e econômicas, a questão da sustentabilidade do seu esforço de guerra permanece em aberto. A população em idade militar está diminuindo, com um número crescente de jovens optando por deixar o país para evitar o recrutamento. Além disso, as sanções internacionais estão pressionando ainda mais a já frágil economia russa.
Por outro lado, a Ucrânia também enfrenta desafios consideráveis. Apesar do apoio militar e financeiro de nações ocidentais, o país tem sofrido pesadas baixas, com números que variam entre 57.000 e 190.000 mortos até o momento. A guerra tem cobrado um alto preço em termos de vidas humanas e recursos de ambos os lados, e o futuro permanece incerto.
O impacto da guerra não se limita ao campo de batalha. A economia russa, já enfraquecida pelas sanções, enfrenta o desafio de sustentar um esforço militar prolongado enquanto lida com a perda de trabalhadores aptos e o aumento dos custos sociais. Ao mesmo tempo, a crescente dependência da Rússia em relação à China para manter seu comércio e indústria pode ter consequências de longo prazo, deixando o país vulnerável a novas crises.
Com o conflito ainda sem fim à vista, a Rússia enfrenta uma escolha difícil: continuar pressionando por uma vitória que parece cada vez mais distante ou encontrar uma forma de encerrar o conflito antes que suas forças armadas e economia colapsem completamente.
Com informações de: O Show Militar