Imagens de satélite capturaram um navio de carga com bandeira russa suspeito de transportar mísseis balísticos do Irã, atracado em um porto da Rússia. Uma fonte ucraniana afirmou que o navio Port Olya 3 havia enviado cerca de 220 mísseis balísticos de curto alcance pelo Mar Cáspio para o Exército da Rússia, para serem utilizados na guerra contra a Ucrânia. A fonte disse que o navio chegou ao porto russo em 4 de setembro.
Imagens de satélite analisadas pela equipe de dados da Sky News mostram o navio no porto de Olya, na região de Astrakhan, no sul da Rússia, perto do Mar Cáspio, naquele dia.
Os dados de rastreamento mostram que o Port Olya 3 esteve no porto iraniano de Amirabad apenas seis dias antes, em 29 de agosto. Ao chegar à Rússia, a fonte ucraniana afirmou que se acredita que os mísseis balísticos Fateh-360, com um alcance de mais de 70 milhas (113 km), foram carregados em um trem de carga.
A imagem do navio no porto, capturada por um satélite Maxar, foi tirada às 07:51 UTC (Horário Universal Coordenado) em 4 de setembro. Dois dias depois, outra imagem de satélite mostra que o navio havia deixado o porto.
Nenhum dado foi compartilhado desde 29 de agosto. Seis dias depois que o navio compartilhou sua posição pela última vez, ele chegou ao porto russo. Frequentemente, navios russos desligam seus sistemas de rastreamento para ocultar seus movimentos. A Organização Marítima Internacional exige que todos os navios com peso bruto de 300 toneladas ou mais tenham transponders AIS.
No Mar Cáspio, navios que não podem ser rastreados se tornaram mais comuns à medida que o Irã e a Rússia continuam a negociar armas. Essa estratégia foi chamada de “escalada em portos obscuros”. Os dados limitados de rastreamento disponíveis mostram que o Port Olya 3 viaja regularmente entre o Irã e a Rússia.
Comércio de armas entre o exército do Irã e Rússia continua crescendo
Não está claro para onde os mísseis balísticos foram levados depois que chegaram ao porto russo. A fonte ucraniana disse que acredita-se que eles foram enviados para um campo de treinamento militar chamado Ashuluk, para testes e para permitir mais treinamento antes de serem usados contra a Ucrânia.
As revelações surgem depois que Anthony Blinken, o secretário de Estado dos EUA, anunciou na terça-feira que os Estados Unidos acreditam que o exército russo já havia recebido entregas de mísseis balísticos iranianos Fateh-360. Irã e Rússia, como era de se esperar, negaram as acusações.
Blinken afirmou que as tropas russas foram treinadas sobre como implantar as munições e alertou que os comandantes russos “provavelmente as usarão nas próximas semanas contra os ucranianos na Ucrânia”.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araghchi, disse na quarta-feira que Teerã não entregou nenhum míssil balístico à Rússia e acrescentou que as sanções impostas pelos EUA e pelo E3 (Reino Unido, França e Alemanha) contra seu país não são uma solução.
A Sky News e outras organizações de notícias relataram no sábado que o Kremlin havia recebido os mísseis, desafiando os alertas do Ocidente. Isso representa um avanço significativo no nível de assistência militar que o Irã já fornecia ao seu aliado, que até agora consistia em drones de ataque, munições e projéteis de artilharia, ajuda que já havia provocado sanções adicionais e indignação do Ocidente.
Blinken classificou o fornecimento de mísseis balísticos como uma “escalada dramática”. Posteriormente, Washington e Londres emitiram uma nova série de sanções contra o Irã, incluindo sanções a vários navios de carga acusados de transportar armas do Irã para a Rússia.
Impacto do envio de mísseis balísticos na guerra na Ucrânia
O Port Olya 3 está entre os navios incluídos na última lista de sanções dos EUA. Além das sanções, aumentam as expectativas de que o fornecimento de mísseis balísticos pelo Irã à Rússia impulsione os Estados Unidos e o Reino Unido a permitir que a Ucrânia dispare mísseis americanos e britânicos de longo alcance dentro da Rússia.
Até agora, isso não foi concedido, apesar dos crescentes pedidos de Kiev, devido às preocupações sobre como a Rússia poderia reagir. No entanto, de acordo com as últimas notícias, essa autorização pode ser concedida nos próximos dias.
Blinken e seu homólogo britânico, David Lammy, estiveram ontem, quarta-feira, na Ucrânia, para conversar com o presidente Volodymyr Zelenskyy sobre seu pedido de usar mísseis de longo alcance dentro da Rússia. O resultado da reunião será compartilhado com o presidente dos EUA, Joe Biden, e Keir Starmer, o primeiro-ministro britânico, antes que os dois líderes se reúnam em Washington na sexta-feira, quando se espera que qualquer decisão sobre o uso de mísseis de longo alcance britânicos e americanos dentro da Rússia seja tomada.
Em resposta às acusações sobre o fornecimento de mísseis balísticos, o alto comandante do Corpo da Guarda Revolucionária do Irã (CGRI), brigadeiro Fazlollah Nozari, negou a afirmação, segundo a Agência de Notícias Trabalhistas do Irã, e classificou-a como “uma espécie de guerra psicológica”.