Conforme apurou a Revista Sociedade Militar, o Brasil chocou o mundo ao investir mais de R$ 6 bilhões em obras na Venezuela. As obras incluem projetos de metrô em Caracas e Los Teques, além da construção de uma usina siderúrgica e um estaleiro. As obras, que receberam financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), serão realizadas por gigantes da construção civil brasileira, como Odebrecht e Andrade Gutierrez. O fato suscitou críticas por sua magnitude e questionamentos sobre as prioridades econômicas do governo brasileiro.
Metrôs e usina venezuelanos
No início dos anos 2000, sob o governo de Fernando Henrique Cardoso, o BNDES liberou R$ 2,2 bilhões para financiar expansões dos sistemas de metrô da Venezuela. Na época, o benefício serviu ao metrô de Caracas, que hoje possui mais de 70 km de extensão e 48 estações. Na época, a promessa era de facilitar a mobilidade de milhões de passageiros. No entanto, problemas estruturais e financeiros colocaram em xeque o impacto positivo desses investimentos, gerando insatisfação no Brasil. Os brasileiros enfrentam ainda hoje um déficit significativo em seu próprio transporte público.
Outro projeto bilionário, a Usina Siderúrgica Nacional, com empréstimo de US$ 865 milhões para a empreiteira Andrade Gutierrez, também recebeu financiamento do BNDES em 2010. Contudo, com a revelação de escândalos na Operação Lava Jato, que expuseram propinas e pagamentos ilícitos, o financiamento sofreu uma interrupção. A obra nunca foi concluída. Assim, o Brasil permanece sem retorno financeiro dessas grandes obras, que se transformaram em um fardo econômico e político.
Desde 2018, a Venezuela interrompeu os pagamentos ao BNDES. Hoje, já são mais de R$ 3,45 bilhões em dívidas, apenas do país sul-americano. Moçambique e Cuba também fazem parte desse contexto, acumulando dívidas de R$ 641 milhões e R$ 4,32 bilhões, respectivamente.
Reação nas redes
As redes sociais reagiram com indignação à notícia. Muitos brasileiros criticam a alocação de recursos em países que não conseguem honrar suas dívidas, principalmente em um contexto em que o Brasil enfrenta seus próprios desafios de infraestrutura e crise econômica.
Um internauta questionou: “Ainda tem gente hipócrita que defende este ladrão chamado Lula. Quanto PT arrecadou em cada contrato destes?”. Outro, declarou-se contra a iniciativa. “Sou contra investimento fora do Brasil, dinheiro público tem que ser investido dentro do nosso pais e gerar emprego pra os brasileiros”, declarou o internauta.
É natural. Diante de um país com um déficit de mais de 850 km em metrôs e trens, a decisão de financiar projetos no exterior é bastante controversa. No Brasil, cidadãos enfrentam congestionamentos diários e têm transporte público insuficiente. Esses problemas tornam ainda mais frustrante ver o investimento direcionado a obras no exterior sem garantias de retorno. De acordo com analistas, tais recursos poderiam se focar de modo mais eficiente em melhorias no transporte urbano nacional, criando empregos e movimentando a economia local.
Calote de países totaliza R$ 8,2 Bilhões
Mesmo diante da inadimplência de três países, o presidente Lula vem defendendo os financiamentos internacionais realizados pelo BNDES. De acordo com Lula, “todo mundo paga, você pode ter dificuldade aqui ou ali, mas todo mundo paga”. No entanto, números do BNDES apontam que o calote de Venezuela, Cuba e Moçambique já atinge R$ 8,2 bilhões, o que gera críticas ao presidente, sobretudo após o aumento da dívida desses países nos últimos anos.
As reações intensas à notícia refletem um sentimento coletivo de insatisfação com a forma como se administram os recursos públicos. Essa é uma questão que promete permanecer em pauta e impactar sobretudo futuras decisões de política externa.