O debate sobre se o Reino Unido conseguiria sobreviver a uma guerra nuclear voltou à tona com as recentes tensões globais envolvendo ameaças nucleares. Especialistas têm analisado cenários que, embora não sejam novos, parecem mais urgentes em tempos de ressurgimento do risco nuclear. Historicamente, o país possui planos de defesa, tanto governamentais quanto militares, para enfrentar esse tipo de crise, mas a eficácia dessas medidas permanece incerta.
Durante a Guerra Fria, o Reino Unido desenvolveu uma série de estratégias para sobreviver a um possível ataque nuclear, focando na evacuação de grandes centros urbanos e na criação de abrigos subterrâneos. O governo estabeleceu um plano baseado na ideia de que seria possível minimizar as mortes e garantir que o sistema de governança continuasse funcionando, ainda que em condições severas. No entanto, as bombas nucleares de hoje são muito mais destrutivas do que as previstas naquele período.
Os avanços no desenvolvimento de bombas de hidrogênio, com potencial de destruição muito maior que as bombas atômicas usadas no Japão, elevaram significativamente os danos esperados em uma guerra nuclear moderna. Estimativas sugerem que até 10 ogivas nucleares poderiam causar mais de 12 milhões de mortes no Reino Unido, além de deixar outros milhões gravemente feridos. A destruição da infraestrutura e a contaminação por radiação tornariam a recuperação quase impossível.
Mesmo com o vasto arsenal nuclear britânico, que conta com cerca de 225 ogivas, o país não estaria em posição de evitar a devastação. O impacto dessas armas modernas, que superam em muito as usadas na Segunda Guerra Mundial, tornaria qualquer esforço de defesa e sobrevivência extremamente difícil. O cenário descrito por analistas prevê uma destruição de tal magnitude que boa parte da população ficaria isolada e sem apoio governamental.
A criação do Royal Observer Corps, uma organização encarregada de monitorar e informar sobre os danos nucleares em caso de ataque, é um exemplo do comprometimento britânico com a preparação para uma guerra nuclear. No entanto, mesmo esse sistema, que previa a instalação de milhares de abrigos nucleares subterrâneos por todo o país, teria dificuldades de operar diante de um ataque em larga escala com armas de hidrogênio.
Ao longo dos anos, o Reino Unido também desenvolveu abrigos nucleares para proteger seu governo e garantir que a liderança política sobrevivesse a um ataque. O mais famoso deles foi o quartel general central de guerra, construído nas cavernas de Corsham. No entanto, especialistas apontam que, com o avanço das tecnologias nucleares, esses abrigos perderam sua relevância, sendo considerados insuficientes para garantir a sobrevivência do governo em um cenário real.
A estratégia de “proteger e sobreviver”, lançada nos anos 70, buscava ensinar a população a se preparar para uma guerra nuclear, detalhando como as pessoas poderiam construir abrigos em casa e sobreviver por semanas sem auxílio. Essa abordagem reflete a percepção de que, em uma guerra nuclear, grande parte da população estaria sozinha, sem o apoio direto do governo. No entanto, mesmo esses esforços são questionados quanto à sua real eficácia.
Com as novas ameaças nucleares emergindo, como a retórica recente do presidente russo Vladimir Putin, especialistas se perguntam se as medidas britânicas de preparação para uma guerra nuclear ainda têm validade. O desmantelamento de abrigos e a obsolescência de antigas instalações reforçam a sensação de que o Reino Unido não estaria preparado para enfrentar um conflito nuclear nos dias atuais.
Por fim, um estudo de 2022 indica que, além da destruição imediata, os sobreviventes de uma guerra nuclear teriam que lidar com o inverno nuclear e a fome, o que poderia levar à morte de 5 bilhões de pessoas no mundo todo. Diante de tal cenário, as perspectivas de sobrevivência são sombrias, e a pergunta se o Reino Unido poderia realmente sobreviver a uma guerra nuclear permanece sem uma resposta clara.
Com informações de: O Show Militar