Interceptações de comunicações militares russas revelaram um cenário de desordem e preocupação com a chegada das tropas norte-coreanas. Conforme divulgado pela Inteligência de Defesa da Ucrânia, soldados russos foram flagrados em conversas expressando profunda inquietação sobre o chamado “Batalhão K”, chegando ao ponto de questionar: “O que diabos fazer com eles?”.
Dimensão do contingente e preparativos
De acordo com informações, há um movimento significativo de tropas norte-coreanas. Segundo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, cerca de 10.000 soldados estão sendo preparados para integração às forças russas. O Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) confirmou que 1.500 soldados já foram enviados para treinamento militar, com evidências em vídeo mostrando-os recebendo uniformes e equipamentos no Campo de Treinamento Sergeevka.
Os áudios interceptados em 23 de outubro revelaram problemas significativos na organização das tropas. Um ponto crítico mencionado foi a necessidade de três oficiais superiores para cada 30 soldados norte-coreanos, gerando preocupação entre os comandantes russos: “Onde os pegamos? Teremos que retirá-los”, questionou um militar russo nas gravações.
Implicações geopolíticas e alianças
O movimento representa uma mudança significativa nas relações internacionais. Durante visita de Putin à Pyongyang em junho, os países firmaram um pacto de defesa histórico, prometendo assistência militar mútua imediata. Kim Jong Un expressou “total apoio e solidariedade” às ações russas na Ucrânia, caracterizando-as como uma luta “para proteger sua própria soberania, segurança e estabilidade territorial”.
A Coreia do Sul manifestou “grave preocupação” com a ratificação do tratado Rússia-Coreia do Norte. O país pediu “veementemente a retirada imediata das tropas norte-coreanas e o fim da cooperação ilegal”. Em resposta, a Coreia do Norte, através de seu representante Rim Mu Song nas Nações Unidas, classificou as alegações como “rumores infundados que visam manchar a imagem da RPDC”.
Perspectivas e desdobramentos
O presidente Zelensky alertou que as primeiras tropas norte-coreanas poderiam entrar em zonas de combate já em 27 e 28 de outubro. Com um exército de 1,2 milhão de soldados, esta pode ser a primeira intervenção significativa da Coreia do Norte em um conflito internacional, embora muitas de suas tropas não possuam experiência em combate. Putin, por sua vez, mantém postura cautelosa, afirmando que cabe a Moscou decidir como utilizar a cláusula do tratado sobre assistência militar mútua.