Conforme a guerra na Ucrânia ultrapassa dois anos e meio de duração, os números de perdas militares da Rússia revelam uma realidade trágica e crescente. Dados estimados pelo Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia indicam que a Rússia já perdeu mais de 618.960 soldados desde o início da invasão, somando fatalidades e incapacitações permanentes. Em 2023, o governo russo gastou cerca de US$ 2,5 milhões na expansão de cemitérios, um aumento significativo em comparação aos gastos de anos anteriores, refletindo o custo humano da guerra.
Especialistas militares e documentos vazados pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos apontam que as perdas da Rússia podem alcançar a marca de 1 milhão de soldados até abril de 2025, se o ritmo atual de baixas diárias continuar. Somente na última semana de agosto, foram contabilizados mais de 8.180 soldados russos mortos ou feridos, indicando uma média diária de 1.168 perdas. Esse índice eleva a previsão de 1 milhão de baixas até o segundo trimestre de 2025, cenário que remete a números observados apenas durante a Segunda Guerra Mundial.
Os registros de perdas de soldados contrastam fortemente com as declarações oficiais do Kremlin, que até agora admitiu publicamente cerca de 6.000 mortes. No entanto, fontes independentes, como a revista russa Mediazona, estimam que mais de 120.000 soldados russos já tenham falecido no conflito, número alinhado com as avaliações ucranianas. Essa discrepância entre dados oficiais e números estimados é frequentemente atribuída à propaganda estatal russa, que busca controlar a narrativa sobre a guerra.
A composição das tropas russas na linha de frente inclui um número crescente de soldados estrangeiros, prisioneiros e reservistas, muitos deles enviados para combate com pouco treinamento e equipamentos insuficientes. Segundo relatos, recrutas de áreas pobres da Rússia e cidadãos estrangeiros foram convocados com a promessa de cidadania russa após um ano de serviço, mas são frequentemente redirecionados para zonas de alto risco sem a possibilidade de retorno seguro.
A utilização de estratégias militares conhecidas como “moedor de carne” na Ucrânia, que consiste no envio de grandes ondas de soldados para áreas fortemente defendidas, tem contribuído significativamente para as perdas de soldados. Essa tática, empregada especialmente nas regiões de Donetsk e Bakhmut, resultou na morte de milhares de soldados em confrontos intensos e frequentes. As forças russas têm enfrentado dificuldades devido ao terreno desafiador, bem como à resistência feroz das tropas ucranianas.
O impacto psicológico e social das altas perdas entre os soldados russos começa a se refletir em movimentos de resistência e descontentamento na sociedade russa. No entanto, o Kremlin adota uma estratégia cautelosa de recrutamento para evitar focar nas elites urbanas de Moscou e São Petersburgo, reduzindo o impacto da guerra sobre as classes mais abastadas e prevenindo mobilizações civis de grande escala nas maiores cidades do país.
Além das perdas humanas, o conflito na Ucrânia tem imposto um peso econômico crescente à Rússia. A produção de armamentos e a reposição de equipamentos militares têm encontrado dificuldades para acompanhar o ritmo de consumo das forças armadas. A dependência de armamentos obsoletos e importações limitadas de países como China, Coreia do Norte e Irã destaca as restrições impostas pelas sanções ocidentais.
Enquanto a guerra prossegue e as sanções agravam a situação econômica da Rússia, as perdas humanas nas fileiras militares russas trazem à tona o custo devastador de uma guerra que parece estar longe de um desfecho pacífico. Estima-se que o Kremlin continue intensificando suas operações para alcançar vitórias estratégicas antes que os efeitos das perdas de soldados e equipamentos se tornem intransponíveis.
Com informações de: O Show Militar