O iminente indiciamento de militares de alta patente por parte da Polícia Federal, que deve acontecer nos próximos dias, tem deixado a alta cúpula militar preocupada e pressionada.
É o que afirma a colunista Bela Megale, especialista em investigações criminais, bastidores do poder e da política. A preocupação da cúpula militar reside no fato de que, ao mesmo tempo em que têm o instinto de proteger seus membros, se vê na obrigação constitucional de respeitar as determinações da Justiça.
O que mais preocupa a caserna, segundo a colunista, é o general Augusto Heleno, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) na gestão de Jair Bolsonaro.
Em conversas reservadas, integrantes das Forças Armadas tentaram demonstrar à PF desconforto com o indiciamento de Heleno, mas as investidas não tiveram sucesso. Segundo apurou Megale, os investigadores estão convictos de que têm elementos suficientes para atribuir a ele crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
Outros nomes de peso que devem acompanhar o indiciamento são dos generais Walter Braga Netto, vice na chapa de Bolsonaro; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos.
O colunista de política do Metrópoles, Guilherme Amado, garante que o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Anderson Torres também serão indiciados pela PF em meados de novembro.
Segundo Amado, mensagens encontradas recentemente pela PF ligam Bolsonaro à minuta golpista que implementaria instrumentos jurídicos pra contestar o resultado das eleições, à margem da Constituição.
Falha do GSI
Em reportagem divulgada nesta terça-feira, 29 de outubro, a Folha de São Paulo revelou que a Polícia Federal concluiu que a viagem do-ex secretário de Segurança Pública Anderson Torres aos Estados Unidos na véspera do 08/01/23, falhas na inteligência e na atuação do GSI foram os principais motivos para que vândalos conseguissem destruir as sedes dos 3 Poderes.
As conclusões estão em relatório apresentado ao STF (Supremo Tribunal Federal) que investiga a responsabilidade de autoridades pela segurança na Esplanada dos Ministérios.