A Ucrânia tem recebido um apoio significativo de seus aliados ocidentais, incluindo a entrega de caças F-16, considerados vitais para reforçar sua capacidade de combate aéreo contra a Rússia. No entanto, o grande problema não está na chegada dos aviões, mas sim na falta de pilotos treinados para operar essas aeronaves. Especialistas alertam que o número de pilotos capacitados está longe de ser suficiente para garantir uma operação eficiente da nova frota.
O treinamento de pilotos ucranianos tem sido conduzido por uma coalizão de países, incluindo Holanda, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos e Romênia. No entanto, o processo tem sido lento e enfrenta uma série de obstáculos, como a escassez de vagas para treinamento. Além disso, o tempo para capacitar os pilotos ucranianos, que já estão familiarizados com jatos de origem soviética, é limitado, resultando em um gargalo que afeta diretamente a prontidão da nova frota de F-16.
Segundo o analista da RAND Corporation, Michael Bohnert, a integração de caças F-16 em qualquer força aérea exige muito mais do que apenas a entrega das aeronaves. “Leva tempo, esforço, treinamento e dinheiro para realmente colocar esses aviões em combate de forma eficiente”, disse ele. Para Bohnert, a percepção de que “basta entregar o hardware” é errada, já que o treinamento é essencial para garantir que os pilotos possam operar esses caças de forma eficaz.
A situação é ainda mais complicada pelo fato de que os parceiros da Ucrânia não possuem espaços suficientes para treinar o número necessário de pilotos. Em junho, o Politico informou que 30 pilotos ucranianos estavam prontos para começar o treinamento, mas os programas dos Estados Unidos não conseguiram acomodar todos. Além disso, apenas 20 pilotos estavam previstos para se formar até o final de 2024, metade do número necessário para operar uma esquadrilha completa de F-16.
A falta de pilotos treinados foi reconhecida pelo próprio presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, que em agosto de 2024 afirmou que o país não tinha pilotos suficientes para operar o número de F-16 recebidos. A Dinamarca, por exemplo, anunciou que encerraria o treinamento de pilotos ucranianos ainda este ano, o que gera dúvidas sobre o futuro dos pilotos que estão atualmente em processo de formação.
A transição dos pilotos ucranianos de aviões soviéticos para os F-16, fabricados originalmente pela General Dynamics e agora sob responsabilidade da Lockheed Martin, também é um desafio técnico. Os F-16 possuem controles mais sensíveis e sistemas mais avançados, o que exige adaptação por parte dos pilotos ucranianos, que têm um tempo de treinamento significativamente reduzido em comparação aos três anos geralmente dedicados aos pilotos ocidentais.
Mesmo com esses desafios, a expectativa é que os F-16 façam diferença no combate da Ucrânia contra os ataques russos. Embora os caças recebidos sejam modelos mais antigos, eles ainda são considerados eficazes para ajudar a Ucrânia a defender seu território, especialmente contra ataques com drones e mísseis.
No entanto, a quantidade de F-16 entregues até o momento não é suficiente para que a Ucrânia assuma uma postura mais ofensiva no combate aéreo. Especialistas indicam que o número ideal seria em torno de 120 a 130 caças para que o país possa enfrentar de maneira mais equilibrada a força aérea russa, que conta com aviões mais modernos, como o Su-35.
Por fim, embora a chegada dos F-16 represente um passo importante para o fortalecimento da defesa aérea da Ucrânia, o sucesso dessa estratégia depende da formação acelerada de novos pilotos, um processo que enfrenta diversos desafios e gargalos. Sem um número adequado de pilotos treinados, a capacidade ucraniana de utilizar sua nova frota de caças continuará comprometida.
Com informações de: Businessinsider