Impacto e controvérsias: Bill Gates enfrentará tribunal holandês por “danos à vacinação” e acusações de manipulação na pandemia da COVID-19
Uma decisão recente do tribunal de Leeuwarden, na Holanda, trouxe novos desdobramentos em um caso complexo. O caso envolve ninguém menos que o bilionário Bill Gates, o CEO da Pfizer, Albert Bourla, o ex-primeiro-ministro holandês Mark Rutte e integrantes da Equipe de Gerenciamento de Surtos da COVID-19 no país. Em meio a alegações de “danos à vacinação” e suposto engano ao público sobre a segurança dos imunizantes, o tribunal estabeleceu jurisdição sobre o processo. Isso possibilita que Gates e outros líderes globais enfrentem o tribunal holandês.
O que está em jogo: ações judiciais e os nomes por trás da resposta global à pandemia
O caso envolve sete demandantes holandeses. Os autores alegam terem sofrido danos físicos e psicológicos após a vacinação contra a COVID-19. Essas pessoas argumentam que Gates, Bourla e Rutte, entre outros, manipularam informações sobre a segurança e a eficácia das vacinas. Além disso, alegam que os acusados os incitaram a tomarem imunizantes que, de acordo com eles, não tinham os dados de segurança suficientes para garantir sua efetividade.
De acordo com a publicação holandesa De Telegraaf, o processo foi registrado em 2023 e busca responsabilizar Gates não apenas como empresário e filantropo, mas como peça influente em um suposto projeto global de reestruturação social, chamado “The Great Reset Project”. Este projeto, de acordo com o processo, teria como base uma “agenda de longo alcance” para uma reorganização abrangente da sociedade global, motivada pela crise sanitária.
O tribunal agendou uma audiência para 27 de novembro de 2024. Nesse dia, provas e argumentos devem receber apresentação formal, trazendo ao caso a atenção da opinião pública mundial.
A legalidade do julgamento de Gates fora dos Estados Unidos
Embora Gates tenha argumentado que, sendo cidadão norte-americano, não estaria sujeito à jurisdição holandesa, o tribunal holandês em Leeuwarden discordou. Os juízes decidiram pela competência do tribunal, justificando que as ações e as políticas defendidas por Gates, sobretudo em campanhas de vacinação, foram amplamente influentes em território europeu, incluindo a Holanda. De acordo com o tribunal, “As reclamações contra todas as pessoas estão interligadas e, portanto, é eficaz avaliar as reclamações em conjunto”, reportou o site Zebra Inspiratie.
Gates e outros réus argumentaram que a decisão de jurisdição baseia-se em uma interpretação muito ampla das políticas de combate à pandemia. De acordo com a equipe de defesa de Gates, essa decisão pode abrir precedentes jurídicos controversos. Isso porque a Holanda e os Estados Unidos não possuem tratado de jurisdição que abarque tais casos. Contudo, o juiz determinou que a falta de tratados não impede o tribunal holandês de considerar o caso, visto o impacto global das decisões tomadas pelos réus.
The Great Reset: o centro das alegações e a visão dos demandantes sobre “crises fabricadas”
Entre as acusações feitas pelos demandantes, uma das mais discutidas é a alegação de que Gates e outros líderes envolvidos na resposta global à pandemia estariam promovendo uma agenda conhecida como The Great Reset Project. Esta suposta agenda teria como objetivo implementar sobretudo mudanças sociais significativas. O pretexto seriam principalmente crises globais, como a pandemia, com o objetivo de consolidar um poder centralizado e novas normas internacionais.
Esse projeto, de acordo com a acusação, usou como base fatos que constam no livro “COVID-19: The Great Reset” de Klaus Schwab. Além disso, também foi associado ao Fórum Econômico Mundial. Os demandantes acreditam que o projeto visaria, por exemplo, justificar intervenções amplas em áreas críticas da vida humana, principalmente em saúde e segurança. No entanto, tais alegações seguem sendo contestadas pelo próprio Gates. O bilionário argumenta que sua atuação e a da Fundação Bill & Melinda Gates se pautam exclusivamente em filantropia e apoio à pesquisa para o bem comum.
Para Arno van Kessel, um dos advogados dos demandantes, a disposição do tribunal holandês em dar seguimento ao caso representa uma mudança importante na responsabilização de figuras públicas. De acordo com Kessel, se Gates for considerado culpado, “isso poderia abrir portas para processos similares em outros países”, com implicações legais que vão além da pandemia. Por outro lado, a defesa argumenta que tal decisão poderá comprometer o poder das lideranças filantrópicas em iniciativas de saúde pública. É possível, portanto, que a iniciativa iniba financiamentos essenciais em futuras crises globais.