O General da reserva Rocha Paiva fez uma série de declarações preocupantes sobre a vulnerabilidade do Brasil frente às grandes potências mundiais, em especial no que diz respeito à proteção da Amazônia durante o “Fala Glauber Podcast”. O episódio, que ganhou destaque com o corte intitulado “GENERAL REVELOU DEMAIS NO PODCAST?”, trouxe à tona falhas estratégicas que, segundo o general, poderiam comprometer a soberania nacional sem que o país perdesse sequer um centímetro de território.
Ameaças sem invasão direta
De acordo com o general, a noção de que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica seriam capazes de proteger a Amazônia em caso de uma intervenção estrangeira é equivocada. Ele destacou que, em uma possível investida de potências globais, não seria necessário uma invasão direta à Amazônia. “Quem disse que se eu quiser – eu, potência global ou uma coalizão de potências – quiser ter um acordo que me seja favorável na Amazônia eu tenho que entrar na Amazônia?”, questionou.
Rocha Paiva exemplificou como outras regiões estratégicas do Brasil, como a bacia de Campos e a usina de Itaipu, poderiam ser alvo de operações militares. “Uma operação aeroterrestre, aeromóvel em Itaipu bloqueia… 80% da energia para São Paulo vai de Itaipu”, afirmou, ressaltando a possibilidade de ações que forçariam o Brasil a assinar acordos desfavoráveis, sem uma invasão física na Amazônia.
Perda de soberania sem perda territorial
Uma das principais preocupações levantadas pelo general é a perda da soberania sobre a Amazônia sem que houvesse invasão de território. Segundo ele, potências estrangeiras poderiam isolar pontos estratégicos e impor um acordo ao Brasil. “Feita uma operação dessa, você impõe um acordo: ‘eu saio daqui, mas vocês vão ter que assinar esse acordo em que nós vamos ter essas benesses na Amazônia’”, explicou.
Rocha Paiva alertou que, ao controlar a entrada e saída de recursos, essas potências poderiam explorar a Amazônia em termos vantajosos para elas, comprometendo a exploração brasileira da região. “É perda de soberania sem perder um centímetro de território. De que adianta você ter o território, se você não pode explorar o patrimônio?”
Vulnerabilidades em Roraima
Outro ponto sensível destacado pelo general foi a região de Roraima. Ele apontou que, em caso de intervenção para proteção de direitos indígenas, potências da OTAN poderiam atuar de maneira indireta, bloqueando a BR 174, única estrada de acesso ao sul de Roraima. “Você bloqueia ali, isolou Roraima. Aí fica fácil ocupar Roraima”, disse o general, que também mencionou o papel da Guiana, país vizinho que, segundo ele, seria pressionado a aceitar uma coalizão de forças militares da OTAN.
Paralelo com a Ucrânia
Em um paralelo com o conflito entre Rússia e Ucrânia, Rocha Paiva afirmou que o Brasil não pode subestimar a possibilidade de uma intervenção estrangeira, assim como muitos duvidaram que a Rússia invadiria a Ucrânia. “Como alguém iria, em 2008, quando Putin começou a dizer que não aceitava a Ucrânia entrar na União Europeia, imaginar que em 2022 ele invadiria?”, questionou o general.
Para ele, é essencial que o Brasil se prepare desde já para esse tipo de ameaça, já que “defesa não se improvisa”. Caso o país espere por uma ameaça concreta para reagir, pode ser tarde demais. “Depois que tiver uma Força Tarefa de desembarque na foz do Rio Amazonas, você não vai começar a produzir míssil“, alertou.