Exército Brasileiro preserva história militar: A seca severa que afeta a região de Tabatinga, no interior do Amazonas, trouxe à tona dois canhões históricos militar da Coroa Portuguesa. Esses artefatos, que outrora protegiam o Forte São Francisco Xavier de Tabatinga, se tornaram visíveis devido ao drástico rebaixamento das águas do Rio Solimões, que atingiu a sua menor cota em 42 anos, com uma impressionante marca negativa de -1,91 metros. Essa situação marca a maior seca registrada na área desde que a Agência Nacional de Águas (ANA) começou a monitorar os níveis do rio em 1982.
Esse achado arqueológico ocorreu de forma inesperada no dia 14 de setembro, durante uma pescaria realizada pelo militar Alex Cajueiro. Cajueiro, enquanto navegava pelo rio, deparou-se com os canhões parcialmente expostos e, imediatamente, convidou amigos para examiná-los. Ao identificarem as peças, concluíram que se tratavam de parte do arsenal de defesa utilizado pelos portugueses para proteger o forte contra incursões espanholas na região do Alto Solimões.
Defesa fronteiriça e definição territorial no Brasil colonial
Esses canhões, pesando aproximadamente duas toneladas cada, foram parte vital da estratégia militar portuguesa para proteger as fronteiras do Brasil contra a presença espanhola. Além disso, o historiador Luís Ataíde esclarece que os canhões também desempenhavam um papel importante na prevenção do contrabando, que era uma prática comum na região naquela época.
O Forte São Francisco Xavier contava com quatro canhões: dois de ferro de calibre 12 e dois de bronze de calibre 4. A instalação do militar portuguesa desempenhou um papel crucial durante a disputa fronteiriça entre Brasil, Colômbia e Peru. Esse conflito territorial foi formalmente resolvido através de importantes tratados internacionais, como o Tratado de Madri, assinado em 1750, e o Tratado de Santo Ildefonso, de 1777. Esses acordos foram fundamentais para a definição da soberania sobre a região, estabelecendo, assim, os limites territoriais que conhecemos hoje.
Exército Brasileiro preserva história militar com memorial em Tabatinga
Com o objetivo de preservar essa rica herança histórica, o Exército Brasileiro construiu um memorial em Tabatinga que homenageia a história militar da região. O memorial inclui réplicas de canhões e outros itens históricos que pertenceram ao Forte São Francisco Xavier, e está aberto para visitação no Museu do Comando de Fronteira Solimões, localizado no Parque Zoobotânico de Tabatinga. A iniciativa busca manter viva a memória da resistência militar portuguesa naquela região, ressaltando a importância estratégica do forte para a consolidação das fronteiras brasileiras.
Ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga
Exército Brasileiro na preservação do Forte São Francisco Xavier
Apesar de ter sido submerso pelas águas do Rio Solimões em 1932, o Forte São Francisco Xavier ainda é um símbolo da resistência e está devidamente registrado no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A preservação deste local histórico tem sido uma prioridade para as autoridades brasileiras, e o Exército assumirá a responsabilidade pela remoção e conservação dos canhões recentemente descobertos, garantindo que essa parte valiosa da história do Brasil seja preservada para as futuras gerações.